Postado às 05h27 | 06 Fev 2024
Ney Lopes
Reeleito neste domingo com mais de 85% dos votos, Nayib Bukele, 42, presidente da República de El Salvador, pequena nação da América Central, com cerca de 6 milhões de habitantes.
A Constituição salvadorenha proibiu-o de concorrer novamente, mas a Câmara Constitucional, composta por juízes por ele escolhidos, deu-lhe liberdade.
Na chamada “democracia do partido único”, 58 legisladores eleitos, no total de 60, pertencem ao partido do governo.
O presidente Bukele afirmou, que é a vitória com a maior margem da história da humanidade.
Ele governa a partir das redes sociais, onde ordena, ataca e monta a plataforma para decisões permanentes.
O pai de Bukele era um polígamo, empresário muçulmano palestino, com seis esposas.
Ajudou a construir quatro mesquitas no país.
A “chave” da liderança de Bukele é o combate sistemático a criminalidade.
A segurança melhorou drasticamente em El Salvador.
Duas gangues dominavam o país, desde a década de 1990.
A maioria das empresas foi extorquida e a taxa anual de homicídios era de 103 assassinatos por 100 mil.
O ano de 2023 fechou com uma taxa de homicídios de 2,4 por 100 mil habitantes, níveis mínimos históricos, o que gerou milhares de denúncias de supostas violações de direitos humanos e da Constituição.
O marco principal dessa estratégia foi o regime de exceção, decretado em 2022.
As autoridades poderiam prender qualquer pessoa, que considerassem suspeita.
O direito de reunir-se em grupos maiores que dois foi suspenso.
Todos os menores seriam julgados como adultos
A medida resultou na prisão de mais de 75 mil pessoas por supostos vínculos com as gangues.
A realidade é que a maioria dos salvadorenhos garante que vive com mais tranquilidade, sem sofrer extorsões e podendo circular por regiões que, antes, eram tomadas pela violência.
Oito em cada dez pessoas acreditam que El Salvador é um país mais seguro, ou não percebem clima de medo.
Outras mudanças são implantadas por Bukele. Em maio, entra em vigor a redução de 262 para 44 municípios.
A medida vai permitir uma economia de US$ 250 bilhões (cerca de R$ 1,24 trilhão) por ano.
Além disso, a próxima legislatura será a primeira com 60 deputados, em vez de 84.
O que acontece em El Salvador é o exemplo típico de crise da Democracia política contemporânea.
A cultura democrática reconhece, que em muitos países, as formas políticas vigentes não são suficientes para atenderem a igualdade entre as pessoas, com a preservação da segurança e liberdade individual.
A grande mudança é que a comunicação não é mais aquela tradicional, mas sim dos Twitters, Face Books, Instagram, de forma direta, onde cada cidadão é o ator que expressa sua opinião instantânea e pesa na opinião pública.
A popularidade é indispensável para ganhar as eleições e a credibilidade para o exercício do poder.
Sem esse binômio, a democracia fatalmente gera a descrença coletiva.
São indispensáveis o senso da responsabilidade social e o respeito ao sentimento das maiorias, para evitar o choque das vontades pessoais, que conduz às ditaduras.
Há alternativas para garantir a democracia.
Busquemos esses novos caminhos.
El Salvador sugere uma alternativa.
Cabe analisá-la, com a preocupação constante de que sejam preservadas as liberdades.