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Opinião: “E agora? Difícil responder”

Postado às 06h24 | 12 Mai 2022

Ney Lopes

O país foi surpreendido com a demissão do almirante e ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque.

A causa admitida é a inquietude do presidente com a alta dos preços de combustíveis e das tarifas de energia, combinada com as “propostas” do governo e do Congresso para atacar o problema.

O novo ministro, Adolfo Sachsida, vem da equipe do ministro da Economia Paulo Guedes e é também muito próximo ao presidente Bolsonaro.

Ele já acompanhou o presidente em viagem ao entorno do Distrito Federal e frequentemente posta fotos na sua conta nas redes sociais ao lado de Bolsonaro.

No Ministério da Economia, opinava em quase todos os assuntos

 Sachsida trabalhou na campanha do presidente em 2018 e desde o início da transição esteve ao lado de Paulo Guedes, chamado por ele de “o melhor ministro da economia da história do Brasil”.

O curioso é que Sachsida defende a atual política de preços da Petrobras.

Até já alertou recentemente para os riscos da criação de medidas que gerem receio sobre a consolidação fiscal, entre elas propostas para reduzir o preço dos combustíveis.

Sobre tentativa de baixar preços declarou que o “risco país sobe, real se desvaloriza” e pode haver desabastecimento.

Como ele irá administrar esse xadrez?

Não há dúvida de que a intenção do presidente é responder aos protestos da população pela alta crescente dos preços.

Todavia, é uma operação de risco político.

 Há quatro meses da eleição não há como fazer milagre.

Afinal, o almirante Bento Albuquerque era discreto e administrava essa situação sem alardes.

O novo ministro já chega anunciando privatização da Petrobrás, o que é absolutamente equivocado, sobretudo porque necessitaria autorização do Congresso Nacional e se torna impossível em clima eleitoral.

Por outro lado, a Petrobras é uma estatal rentável e há anos está praticamente privatizada, com a quebra do monopólio, que permitiu o contrato de risco.

O RN é exemplo de empresas privadas extraindo petróleo.

A questão básica dos preços dos combustíveis é a vinculação ao cenário internacional.

A pergunta é como conciliar essa teoria econômica com os arroubos e cobranças do presidente, que considerou o lucro da Petrobras um "estupro"?

Fala-se em outro tema delicado, que exige debate.

O “centrão” estaria convencendo o presidente (que era contrário) a aprovar um aporte de R$ 100 bilhões de recursos públicos, sacados do pé-sal para a construção de gasodutos, que são utilizados como tubulações responsáveis pelo transporte do gás natural de um local para o outro.

O argumento é que tal medida baixaria o preço do gás natural.

Estranhamente, esse empreendimento beneficiaria exclusivamente o empresário Carlos Suarez e seus sócios, proprietários de oito distribuidoras de gás.

Eles são os únicos a ter autorização para distribuir gás encanado em oito Estados do País.

Primeira indagação: isso não seria um “mini” monopólio privado?

Realmente, situação complexa é criada com a substituição do ministro de Minas e Energia, tudo diante da efervescência da pré-campanha eleitoral.

E agora?

Difícil responder.

 

 

 

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