Postado às 06h02 | 08 Nov 2020
Ney Lopes
A vitória de Joe Biden leva a inevitável indagação de como ficarão as relações do governo americano com o Brasil, diante das posições assumidas pelo presidente Jair Bolsonaro de apoio eleitoral explícito ao presidente Trump.
Irei arriscar um palpite, nesta análise.
Se errar, perdoem-me os internautas.
Acho, que nada mudará. Talvez, até os laços de cooperação aumentem.
Abstraindo as diretrizes da atual política externa brasileira e as posições do Ministro do Meio Ambiente em relação à Amazônia, a natural convergência dos dois países será preservada, na linha do que já disse, com sensatez, o vice-presidente Hamilton Mourão. EEUU e Brasil são Estados independentes, que mantêm cordiais relações diplomáticas e comerciais desde 1825, quando chegou ao nosso país o primeiro embaixador americano Condy Raguet, recebido com honras pelo Imperador Pedro I.
O perfil político do Democrata eleito colocará “água na fervura” nas tensões. Biden, pela sua experiência, maturidade política e convicção democrática, será um conciliador. Não há espaço para seitas políticas, ou incentivo às falanges de fanáticos, que separam pessoas por raça, teorias conspiratórias, ou sexo.
Por trás de Bolsonaro estarão as Forças Armadas, cuja influência no seu governo é inegável. A linha militar é de muito equilíbrio e não “puxar a corda”, salvo eventuais posições políticas exacerbadas, defendidas isoladamente.
As Forças Armadas simbolizam a classe média e se colocam como “poder moderador” quando, por exemplo, o “tzar” Guedes quer esmagar essa categoria social.
Da mesma maneira irão colaborar para convivência pacífica com os EEUU, em função dos valores democráticos em jogo.
Quanto à Amazônia, a impressão que tenho é que, caso o vice-presidente Mourão esclareça o que está sendo feito com responsabilidade naquela região, o presidente Biden se disporá a ajudar até financeiramente o Brasil. A verdade é que se propagou muita desinformação. Na hora em que haja espaço para o entendimento, tudo será esclarecido.
A questão da tecnologia 5G poderá ser encaminhada com tranquilidade, a partir do instante em que desapareça a "imposição" de afastar liminarmente, a "ferro e fogo", os chineses da disputa.
O diálogo conduzirá ao reconhecimento do princípio do "livre mercado", que é o respeito à concorrência. A partir daí ganhará a licitação da 5G no Brasil, aquele que apresentar melhor preço, qualidade e segurança para o consumidor e o país.
Portanto, o bom senso indica não existirem razões para pânico.
Apenas, uma questão de tempo, em função do "estilo" do governo americano ter mudado, pela decisão das urnas.
Com certeza, Biden acolherá o Brasil com cordialidade e Bolsonaro aceitará negociar.
Até porque, se o governo brasileiro assim não agir, o Presidente estará pondo em grande risco, a sua própria sobrevivência política.