Postado às 06h27 | 18 Jun 2020
Ney Lopes
O ministro da economia declarou que enxerga “futuro brilhante” para a economia nacional e o que o Brasil “surpreenderá o mundo”. Ele abre, de um lado, clima de otimismo (o que é positivo) e de outro, causa indagações sobre se continuará seguindo a Escola de Chicago (Friedman), como fez até agora, cuja linha inflexível é acreditar no “mercado”, que deve operar livremente.
Em momento de crise como o da pandemia, a recuperação econômica global, sobretudo em países em desenvolvimento, deve ser debatida, considerando também o pensamento de um economista inglês, chamado John Maynard Keynes (figura abominada pelos defensores do mercado),
Claro que os tempos mudaram e todas ideias têm que ser adaptadas. Porém, Keynes e Friedman enfrentaram “reconstruções” de economias, principalmente na Inglaterra e Estados Unidos, e as “receitas indicadas” podem ser analisadas, sem preconceitos. A influência do Estado sobre a economia de mercado diferencia Friedman de Keynes. Friedman é a favor da desregulamentação comercial e produtiva, do “laissez fare”, livre mobilidade de capitais, privatizações generalizadas.
Já Keynes defendeu, que os mercados dependem da “confiança”, o que influi nas flutuações de preços e na oferta e procura. Com base em tal concepção, o Estado se torna imprescindível e deve agir de maneira a conter os ânimos do mercado, porque ele é um fenômeno social e não matemático.
Ele completa a sua tese, repetindo que o governo tem o papel de coordenar as expectativas. Diante da declaração do nosso ministro da economia, a dúvida é se para o Brasil surpreender o mundo, ele continuará defensor ortodoxo da Escola de Chicago, onde se formou, ou, admitirá que as teorias de Keynes não morreram totalmente, no sentido de considerar o estado como elemento fundamental para o controle social?
Por enquanto é aguardar!