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Opinião do blog: "Peixe fora d’água"

Postado às 05h24 | 22 Jun 2020

Ney Lopes

Em momento político delicadíssimo, o governo Bolsonaro enfrenta problema, mais uma vez, criado por ele mesmo, que é sugerir o ex-ministro Abraham Weintraub para o Conselho da Diretoria Executiva do Banco Mundial, formado por 25 cadeiras, que representam os 190 acionistas da instituição.

Na prática, quem manda no Banco Mundial são os países ricos, como os Estados Unidos, França, China, Rússia, França, Alemanha e Japão. Entretanto, para o cargo pretendido por Weintraub, a confirmação dependerá de grupo formado pela Colômbia, Equador, República Dominicana, Panamá, Haiti, Suriname, Trinidad e Tobago e Filipinas. Não haverá possibilidade de “veto”, em razão do Brasil ter capital suficiente para manter o seu indicado.

Entretanto, se houver reação, o nosso poder de influência cairá muito, na hora de decisões. Já chegou à Washington DC, a “fama” de Weintraub de intolerante, criador de caso e, sobretudo, ultradireitista, com posições xenofóbicas, contrárias a temas apoiados pelo Banco Mundial, tais como, mudança climática, igualdade de oportunidade entre gêneros, redução da desigualdade de renda, métodos de educação moderna.

De todas essas situações de rejeição à Weintraub, a de maior peso será a convivência com a China, que é a terceira maior acionista, atrás apenas de Estados Unidos e Japão, com cerca de 6% do capital do banco.

O Brasil soma menos de 1%. Na reunião ministerial do dia 22 de abril, o ex-ministro declarou sobre a China: “Odeio o partido comunista chinês. Ele está querendo transformar a gente numa colônia". Escreveu no twitter, sugerindo que a China seria beneficiária da pandemia.

Grupo de diplomatas e acadêmicos de relações internacionais já divulgou carta, recomendando que o Banco Mundial não aceite a indicação. Nesse contexto, mesmo tendo o seu nome homologado, Weintruab será um “peixe fora d’água”, por lhe faltar habilidade diplomática e capacidade de articulação para entender as características das operações e as políticas da instituição.

Outra “dor de cabeça” para o Brasil, no plano internacional.

 

 

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