Postado às 05h15 | 02 Mai 2020
Ney Lopes
Triste e melancólico Dia do Trabalho, data comemorativa, que surgiu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1º de maio de 1886, quando trabalhadores foram às ruas protestar contra jornada exaustiva diária.
No Brasil, o presidente Arthur da Silva Bernardes oficializou, em 1924. Nas décadas de 1930 e 1940, Getúlio Vargas passou a utilizar o 1º de maio para divulgar mudanças e benefícios trabalhistas. O 1° de maio de 2020 é, sem dúvida, o mais dramático da história da humanidade. Além da perda de vidas, ocorre a perda do emprego, que garante o “pão de cada dia” às famílias.
Infelizmente, todo o planeta proclama que não há outro caminho para reduzir a mortalidade coletiva, senão o isolamento social. Portanto, total inconsequência e desorientação, protestar contra a quarentena, alegando que paralisa a economia. Sem as medidas recomendadas pela OMS, tudo seria muito pior. Mesmo com as cautelas dos governos, a dramaticidade da pandemia cresce dia a dia.
A ONU estima que até o fim do ano, 8% da população mundial – ou meio bilhão de pessoas – podem ser empurrados de volta à pobreza. O Brasil já tem a segunda maior velocidade de infecção no mundo. O país fica atrás apenas dos Estados Unidos. O último balanço do Ministério da Saúde indica mais casos que a China.
O novo Ministro da Saúde, com bom senso, mantém discurso idêntico à Mandeta e diz que não há como falar em flexibilizar no momento, com o aumento de casos infectados. Em relação a América Latina, a perspectiva de redução da renda é de 22%, com retrocesso de 6.6% do PIB. A queda será a maior do mundo. Observam-se nos países espetáculos deprimentes, com a pobreza mobilizada nas ruas e guetos, sem prevenir aglomerações, em busca de “ajudas”, ou migalhas prometidas ao desassistidos.
O cenário lembra Albert Camus (“A Peste”), ao descrever mendigos argelinos, que durante uma “peste” colocavam excrementos nas feridas do corpo para piorar e ganhar esmolas de quem passava.
O Papa Francisco, em isolamento, lembrou hoje São José, a figura emblemática do humilde trabalhador de Nazaré e rogou que Ele interceda pelos que sofrem, sem saúde, e sem emprego.
Amém!