Postado às 05h15 | 09 Jun 2020
Ney Lopes
É grande o estrago feito ao conceito do Brasil pelo empresário Carlos Wizard, convidado para comandar a Secretaria no Ministério da Saúde. O missionário da igreja mórmon, companheiro do atual general-ministro na “Operação acolhida” em Roraima, sem medir as palavras, afirmou heresias em relação aos governadores e prefeitos, acusando-os de que o número de mortos na pandemia era manipulado, visando a liberação de mais dinheiro do governo federal.
De imediato, veio a reprimenda do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que classificou a fala de Wizard como ”tentativa autoritária, insensível, desumana e antiética de dar invisibilidade aos mortos”. No caso, não restaria às vítimas sequer a inclusão dos seus nomes, dentro da estatística.
O episódio colocou o Brasil, no nível da Venezuela, que falseia dados sobre eleições e inflação. Da Nicarágua, em relação a manifestantes assassinados pelo governo. Rússia que faz perseguição política, com base em dossiês fictícios. Irã que mentiu ao derrubar um avião comercial. As versões passaram a identificar a “magia das mortes”, pela tentativa de eliminação dos números oficiais da pandemia.
Após ter sido tirado do ar o portal dos dados no ministério, o Brasil transformou-se no único país no mundo, com divulgação suspensa no mapa da respeitada Universidade John Hopkins, que centraliza as informações globais sobre a pandemia. O ministério da saúde lançou outro portal, onde 80% dos indicadores inicialmente divulgados desapareceram, segundo a mídia.
Adotar o novo critério seria lançar dúvidas sobre a contabilização das mortes, empurrando para o futuro os dados dramáticos, além de confundir a população brasileira, acerca da gravidade da crise sanitária.
Não há dúvida de que caracterizaria o crime de infração de medida sanitária preventiva, previsto no art. 268 do Código Penal, por facilitar a propagação da doença e causar prejuízo ao bem jurídico “Saúde Pública”.
Ainda bem que não se consumou tamanha estrepolia. Deus, mais uma vez, mostrou que é mesmo brasileiro!