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Opinião: "Contramão do mundo"

Postado às 17h18 | 09 Jun 2020

Ney Lopes

Hoje, o governo até avançou na comunicação com a população. O presidente reuniu o Conselho de Governo e permitiu ampla divulgação. Mas, persiste o estilo impulsivo presidencial. Na saída, Bolsonaro voltou a responsabilizar terceiros (ele nunca tem culpa) pela pandemia, ao invés de mostrar otimismo.

De uma só “tacada” agrediu governadores, prefeitos, OMS e Mandetta, sem citar o seu nome, apenas referindo-se ao antepenúltimo ministro da saúde. O mais grave é o fato de Bolsonaro, na mesma linha de Trump, que lhe deu recente “puxão” de orelha, além de ferir a OMS, usou equivocadamente a informação, de que a instituição teria concluído, que pessoas assintomáticas não transmitem o vírus.

Com base nesse falso argumento, Bolsonaro logo defendeu a “flexibilização”, para atender ao “czar” Paulo Guedes e parte do empresariado. Minutos depois, porta voz da OMS desfez a versão e deixou claro que pessoas com coronavírus, mas sem sintomas (os chamados assintomáticos), também transmitem a doença e que medidas de flexibilização só devem ser usadas, quando for possível tratar os contaminados, rastrear os contatos, testá-los e isolá-los.

A OMS esclareceu, que a declaração do governante brasileiro se baseou, em apenas dois ou três estudos de alcance limitados, textos não publicados e informações ainda discutidas entre cientistas. A pressa do presidente em suspender o isolamento social, desde o início da pandemia, conflita com pesquisa divulgada ontem, 8, de que três milhões de pessoas foram salvas, em 11 países, graças ao isolamento.

Somente na Espanha, cerca de 450.000 mortes foram evitadas, segundo os resultados publicados na revista “Nature”.

Estudo da Unicamp afirma que o isolamento poderá salvar até 15 mil vidas nas próximas duas semanas no Brasil.

A conclusão é que a reunião do Conselho de Governo, não abriu caminho para um diálogo nacional, o único meio de combate à pandemia.

Transformou-se em “contramão” do que acontece no mundo. Verdadeiro “gol contra”.

 

 

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