Postado às 05h57 | 18 Set 2022
Ney Lopes
O longo cerimonial de homenagem póstuma à rainha Elizabeth II, que ganhou o nome de “Operação London Bridge”, termina nesta segunda, 19, com o caixão sendo conduzido para a Abadia de Westminster, conhecida como a igreja da coroação desde 1066 e o local de repouso de mais de 3000 grandes ingleses.
Depois do funeral, o caixão será levado em nova procissão para Wellington Arch e Windsor.
O enterro será na Capela de St. George, nos terrenos do Castelo de Windsor, ao lado do seu marido, o príncipe Philip, o pai, o rei George 6º, da mãe, a rainha mãe Elizabeth, e da irmã, a princesa Margaret.
Além da família real, políticos governantes de todo o mundo devem comparecer à cerimônia.
Alguns não foram convidados, como Vladimir Putin, da Rússia, chefes de estado da Síria, Afeganistão, Venezuela, Coreia do Norte, Nicarágua, Bielorrússia e Mianmar.
O Brasil foi convidado, embora no mandato do presidente Bolsonaro tenham se reduzido as relações diplomáticas com o Reino Unido, pelos critérios da nova política externa.
FHC foi o presidente brasileiro mais prestigiado, sendo inclusive convidado para as comemorações dos 50 anos da Segunda Guerra Mundial, realizadas em 1995.
Dois episódios marcaram a presença de Bolsonaro à frente da presidência da República.
Em encontro com o então primeiro ministro Boris Johnson, Bolsonaro desdenhou da vacina contra Covid, disse que não se vacinaria e o chefe de estado inglês limitou-se a elogiar a vacina da AstraZeneca, a propósito uma das mais usadas no Brasil.
Outra oportunidade, Bolsonaro conversou com Johnson sobre a guerra da Ucrânia, quando ouviu críticas veementes a Putin e se limitou a nada declarar.
Deu a entender simpatia pelo líder soviético.
Há uma apreensão generalizada sobre a presença de Bolsonaro em Londres, o que poderá ser positivo para a nossa diplomacia, mas poderá igualmente, com exceção dos dirigentes da Hungria e Polônia, provocar isolamento do país.
Os líderes europeus não ganham nada sendo vistos com o presidente Bolsonaro, mas potencialmente perdem muito.
Segundo analistas, as posições de extrema direita do governante brasileiro provocam desgaste, em termos eleitorais e políticos,
O melhor será “torcer” por uma atuação discreta do presidente em Londres, sem utilizar o momento para ganho político e eleitoral, algo “desastroso”.
Como disse o experiente embaixador Azambuja: “Espero que ele seja um participante periférico”.
Em NY, Bolsonaro abrirá a Assembleia Geral da ONU, onde já esteve em vezes anteriores.
É uma oportunidade para falar ao mundo.
Queira Deus que o presidente, sempre resistente a opiniões de assessorias, ouça o chanceler Carlos França sobre as linhas gerais do seu pronunciamento.
Inegavelmente, o atual ministro das relações exteriores é competente e equilibrado.
O difícil é que, infelizmente, “uma andorinha só não faz verão”.