Postado às 05h52 | 30 Jul 2022
Ney Lopes
Fala-se muito hoje na “teoria da conspiração” aplicada a política e a democracia.
Ela realmente existe e prevalece nos extremos políticos da direita e da esquerda.
Consiste nas pessoas acreditarem numa conspiração e por isso radicalizarem posições, deixarem de raciocinar e contribuírem, até inconscientemente, para o enfraquecimento das instituições livres.
O fenômeno é estudado, sob o ângulo da psicologia social.
Carta - No atual momento político, a divulgação de uma “carta em defesa da democracia”, já assinada por mais de 300 mil pessoas, desencadeou entre os seguidores do presidente Bolsonaro a ideia de que se tratava de uma “conspiração” contra a reeleição presidencial.
Democracia - Trata-se de exemplo típico de aplicação da “teoria da conspiração” como instrumento de mobilização eleitoral.
A “carta” não é a favor ou contra nenhum dos candidatos à presidência.
Nela está escrito a defesa de “eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular”.
Assinatura – Que mal faria Bolsonaro concordar e assinar a carta, já que se declara um democrata?
O fato teria passado despercebido.
Afinal, o manifesto reafirma valores democráticos e seria oportunidade para ele ratificar esses valores.
Perdeu a oportunidade.
Criou um impasse para si próprio e dificultou acesso a cerca de 30% de eleitores indecisos, defensores intransigentes da democracia.
Shakespeare – O presidente não seguiu o conselho do poeta, dramaturgo e ator inglês, ao dizer: “Aprendi que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu”.
União Brasil- Inegavelmente, o senador José Agripino conduz com equilíbrio o “União Brasil”, no RN, que não é tarefa fácil.
Concilia as tendencias internas e age como democrata experiente.
Um fato constrangedor foi a indesperada renúncia do presidente do partido Luciano Bívar em candidatar-se à presidência da República e a decisão de disputar a Câmara Federal em PE.
O mais estranho é a versão de que easa renúncia teria sido para o União Brasil aliar-se a Lula, que em conversa privada com Bívar prometera apoiar-lhe para a presidência da Câmara dos Deputados, caso ganhe a eleição.
Para quem conhece a conjuntura política e as implicações de uma eleição na Câmara Federal, cujos componentes do colegiado ainda serão escolhidos, a promessa de Lula é típica de "quem vende terreno na lua" .
E agora? A previsão é que, mesmo com a adesão de Bívar a Lula, o "União Brasil" libere os diretórios estaduais.
Nessa hipótese, nada mudará no RN.
É possível até arriscar o palpite, de que a sigla liderada por José Agripino opte por apoiar Ciro Gomes, para presidente da República.
Inteligência - Atitude política inteligente foi a dos representantes de Simone Tebet e de Ciro Gomes, assinarem a Carta em favor da democracia.
Evitam a interpretação de apoio ao ex-presidente Lula.
Petrobrás – A empresa distribuiu R$ 87 bilhões de dividendos, mas R$ 32 bilhões ficam com a União. É dinheiro para pagar a PEC de ajuda aos necessitados, recém aprovada.
Social I - Incrível a insensibilidade daqueles que só enxergam governo sob o ângulo do lucro privado e esquecem o lucro social.
Social II - Os chamados benefícios tributários, financeiros e creditícios hoje equivalem a quase 4,5% do PIB.
O governo Jair Bolsonaro prometeu reduzi-los, mas não houve alteração significativa, até agora.
Evolução I - Na pós pandemia, as democracias mais avançadas do mundo adotam políticas de distribuição de renda.
Teto de gastos, inflação, déficts econômicos devem ser controlados.
Na mesma proporção, o "estômago" dos famintos não espera.
A classe média e assalariados, que contribuem no controle social, não podem continuar a ser eternamente sacrificadas, em benefício de cifras e políticas financeiras.
Evolução II - A tendencia será por a democracia em risco, com posições que favoreçam a concentração de renda e não corrijam distorções econômicas gritantes.
Os "cortes" e "sacrificios" exigidos não podem ser "mão única".
Inexplicável que neste ano, o Brasil deixe de arrecadar cerca de R$ 310 bilhões com benefícios tributários concedidos a empresas e setores.
O valor equivale a quase dez vezes o Auxilio Brasil.
Evolução III - Enfrentar essa questão não é demagogia, ou populismo.
Trata-se de aplicar a justiça social.
Passou o tempo da alegação, de que o "bolo econômico precisa crescer para depois distribuir".
Nas democracias, o bolo cresce, na proporção em que são distribuidas "fatias" (pelo menos) com quem necessita.
É possível preservar o equilibrio fiscal com políticas desse tipo.
Quem não entenda essa realidade, contribui para que os governos sejam entregues aos irresponsáveis populistas e demagogos.
Redução - O governo do RN reduz para 15,33% a alíquota do ICMS do etanol.
A alíquota anterior era de 18%.
Cassações – Anotem!
Mesmo depois das eleições, caso sejam descobertas provas materiais da autoria do orçamento secreto (o maior escândalo da história política brasileira), poderão ser cassados mandatos de candidatos eleitos e até no exercício dos mandatos.
Precedente – O senador João Capiberibe (PSB-AP) foi cassado em 2004, no meio do seu mandato, sob acusação de que teria comprado “dois” votos a R$ 26 cada.
Imagine quem compra milhares de votos, de forma disfarçada, usando um orçamento secreto.
Religião - Lula se preocupa com o apoio de segmentos religiosos.
Geraldo Alckmin cuidará dos católicos e Benedita da Silva os evangélicos.