Postado às 16h49 | 03 Ago 2020
Ney Lopes
“Barômetro do Poder” é uma pesquisa mensal que compila as avaliações das principais consultorias de análise de risco político e analistas independentes sobre assuntos da política nacional.
Hoje, 3, foi publicado o resultado mais recente acerca do quadro de apoio ao presidente Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. Pelo levantamento, o Planalto conta com base aliada de 182 assentos na Câmara (35%) e 22 no Senado (27%).
Por enquanto, estão atenuados os riscos de impeachment. Deram folego ao Presidente a aproximação com lideranças do chamado “centrão”, o afastamento de grupos extremistas e a oferta de cargos na administração pública aos novos aliados.
A possibilidade de Bolsonaro deixar o cargo antes de 2022 caiu de 31% para 7%. Hoje, 73% atribuem probabilidade baixa disso acontecer. Um mês atrás, eram apenas 23%. As antecipações da disputa pela sucessão da presidência da Câmara representarão novos testes para Bolsonaro.
O apoio obtido do “centrão” se mostrou frágil. Isso ficou evidente na votação do “Fundeb” e, mais recentemente, na saída de MDB e DEM, com a demonstração de força de Rodrigo Maia, que deverá ter papel importante na própria sucessão. Embora a média das projeções para o grupo de fieis a Bolsonaro tenha ficado praticamente estável, a percepção sobre a força do presidente no parlamento sofreu uma piora. Em junho, 23% dos entrevistados viam baixa capacidade do presidente em aprovar proposições no parlamento. Hoje, este grupo soma 46%.
Após a saída do DEM e MDB aumenta o número de incertos, com forte dependência da matéria a ser votada. Ou seja, uma negociação diferente para cada tema. A avaliação final dos analistas é que as demandas políticas pela ampliação das despesas podem ampliar o nível de pressão sobre o governo.
O resumo da ópera é que a pesquisa confirma ter se afastado, no momento, o espectro do impeachment.
Porém, ainda está muito longe de Bolsonaro ter sólida base aliada no Congresso.
O principal motivo alegado é que ele muda frequentemente de posições e de opiniões.
Isso gera muita desconfiança política.