Postado às 16h56 | 03 Jul 2020
Ney Lopes
O presidente Bolsonaro ergueu ontem, 2, a “bandeira branca”, durante a 56ª Cúpula dos presidentes do Mercosul, realizada em formato virtual, devido às restrições da pandemia. O Brasil está “arranhado” com os parceiros, em razão do presidente ter afirmado, em novembro de 2019, que “tudo poderia acontecer”, quando questionado se o Brasil deixaria o “bloco”, devido a mudança política na Argentina.
O MERCOSUL é uma organização intergovernamental, fundada a partir do Tratado de Assunção de 1991.
Estabelece integração econômica, através de política comercial comum entre os países-membros. A Venezuela aderiu ao Bloco em 2012, mas está suspensa, desde dezembro 2016, por violação da Cláusula Democrática do Bloco.
A maior tensão do Encontro foi o “cara a cara” entre Bolsonaro e Hernandez da Argentina, que se encontraram pela primeira vez, desde que o argentino foi eleito em 2019. Em sua mensagem, o peronista expressou desejo de união e superação das diferenças passadas.
Além da discordância com Bolsonaro, Hernandez havia se chocado com o bloco ao afastar-se das negociações para o acordo fechado em julho de 2019 com a União Europeia (UE) e se opor a pontos dos pactos de livre comércio com o Canadá, Singapura, Coreia do Sul, Índia e Líbano.
Bolsonaro mudou o tom do seu discurso e afirmou que deseja fortalecer os acordos, que desde os anos 90 unem seu país à Argentina, Paraguai e Uruguai. Foi mais adiante, ao declarar que quer expandir negociações comerciais para “outras regiões da Ásia” e países da América Central.
A conclusão é que foi de “paz” a mensagem brasileira na Cúpula do Mercosul. Melhor assim! O relacionamento entre os países do cone sul é fundamental para enfrentar às grandes economias globais.
Ninguém cresce sozinho.
O perigo que persiste são as teses ortodoxas e ultranacionalistas do chanceler Alberto Araujo, desconectado da realidade internacional. A esperança é que Bolsonaro abra os “olhos” e mude o rumo da nossa política externa, enquanto é tempo!