Postado às 05h06 | 02 Out 2020
Ney Lopes
O presidente Bolsonaro “bateu o martelo” ao indicar o desembargador Kássio Nunes Marques, 48 anos, para a vaga do ministro Celso de Mello no STF. Ele é católico e sem trajetória de votos conservadores.
Foi advogado entre 1994 e 2011, quando passou a compor o Tribunal Federal da 1ª Região por indicação da presidenta Dilma Rousseff. Nenhum presidente da República deixou de sofrer influência política na indicação de nomes para o STF, ou outro cargo de sua escolha.
Logo, Bolsonaro não pode ser acusado de seguir o “centrão”, “a”, “b”. Aliás, o presidente agiu com inegável habilidade. Ouviu membros do próprio STF e do Congresso. Não se limitou aos seus ensandecidos seguidores, liderados pelo apoplético Olavo de Carvalho. O indicado tem bom perfil.
É injustiça afirmar, que o seu curriculum não seja recheado de títulos ou menções. Demonstrou até hoje equilíbrio e bom senso. Duas reações devem ser registradas, as quais mostram o acerto da conduta do Presidente.
Primeiro, a declaração do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, opositor de a Bolsonaro. Após parabenizar o presidente, disse que o desembargador Kássio Nunes tem ” trajetória honrada e de reconhecida eficiência, que o credenciam para o exercício da judicatura no Tribunal Constitucional da nação. O Estado de Direito e as garantias constitucionais do cidadão são prestigiadas com sua indicação”.
Segundo, a reação de Bolsonaro foi diferente dos ímpetos revelados no início do seu governo. Criticado por indicar nome antes nomeado por livre escolha da ex-presidente Dilma, o presidente condenou quem, por isso, começa a “atirar” no “cara” e completou: “Todo mundo ao longo de 14 anos de PT teve alguma ligação, não quer dizer que seja comunista”.
Corretíssimo o presidente, ao atenuar o radicalismo, que vinha caracterizando a sua conduta política.
Só terá a ganhar com isto, sem prejuízo de que tenha as suas legítimas convicções de direita.
O que não se aconselha é ser “ultradireitista”, comportamento que cega e deforma, por ser irmão siamês do comportamento dos “ultras esquerdistas”.
As duas posições pecam pela insensatez.