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Opinião: Beatificado o Papa do “sorriso”

Postado às 05h27 | 05 Set 2022

Ney Lopes

Todas as vezes em que estive no Vaticano fiz questão de visitar o túmulo do Papa João Paulo I, falecido no dia 28 de setembro de 1978, por quem tenho grande devoção.

Ontem, 4, Papa Francisco beatificou João Paulo 1º, que governou a Igreja Católica por apenas 33 dias, em um dos pontificados mais breves da história.

A causa oficial da morte nunca foi esclarecida.

Segundo alegou o Vaticano, as leis canônicas impediam que a autópsia fosse realizada.

Há teorias de que o Pontífice tenha sido assassinado, pela defesa intransigente que fazia de mudanças na Igreja, com base na Doutrina Social Cristã.

Teriam sido conservadores simplesmente para cumprir ordens.

Filho de uma família proletária e de um pai socialista, João Paulo I, durante a sua carreira, nunca foi cotado para o posto de papa.

Sua eleição deixou todos boquiabertos, uma vez que concorreu com nomes fortes, como os cardeais Pignedoli, Baggio, Siri, Felici, Koenig, Bertoli e o brasileiro Aloísio Lorscheider.

Também nunca havia integrado o serviço diplomático, nem servido no Vaticano.

Com essa história, para surpresa geral, foi eleito pontífice no conclave mais concorrido e rápido de que se tem notícia.

Para o escritor inglês David Yallop, autor do livro “Em Nome de Deus”, uma investigação revelou que o carisma, liderança e, principalmente, disposição para reformar os quadros e interferir no comando do Banco do Vaticano, teria despertado o receio de grupos com trânsito livre no Vaticano.

Á época existiu um personagem suspeito, o arcebispo Marcinkus, presidente do Banco do Vaticano de 1971 a 1989, que ficou conhecido como "o banqueiro de Deus".

Filho de imigrantes lituanos, nasceu no Illinois, nos Estados Unidos.

Morreu aos 84 anos.

Em sua gestão, o Banco do Vaticano envolveu-se em um dos maiores escândalos financeiros, ligado ao colapso do Banco Ambrosiano italiano, em 1982, que tinha vínculos com a máfia.

O Vaticano teve de arcar com indenizações de US$ 244 milhões.

Marcinkus, como bom americano, gostava de jogar umas partidas de golfe e de basebol, fazia questão de conhecer bem o mundo dos negócios.

As atitudes do arcebispo Marcinkus, que chegou a ser indiciado pela justiça italiana, teriam merecido certamente ações enérgicas de João Paulo I. 

Daí a hipótese, não confirmada, nem desmentida, de que um “complô” tenha assassinado o Pontífice.

Hoje, João Paulo I repousa na Eternidade e teve razão o Papa Francisco, quando ao beatificá-lo ontem, afirmou:

“Com o sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor. É bela uma Igreja com um rosto alegre, sereno e sorridente, que nunca fecha as portas, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, não se apresenta com modos rudes, nem padece de saudades do passado”.

Aleluia!

 

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