Postado às 05h55 | 28 Abr 2023
Lula no Parlamento português.
Ney Lopes
O presidente Lula retorna ao Brasil, após o o seu périplo em Portugal e na Espanha.
Sempre repito não ser contra o intercambio e visitas aos países, sobretudo de um presidente com poderes de negociação.
Tal ponto de vista, não dispensa análises sobre os resultados concretos das viagens e visitas.
Diante do isolamento do Brasil no governo Bolsonaro, a primeira visita de Lula a Europa teria o objetivo principal de reabrir conversações com a União Europeia. (EU), visando a implantação definitiva do acordo com o Mercosul.
Sabe-se que a UE é o segundo principal parceiro comercial do Brasil sendo responsável por 15 % do seu comércio total, e o Brasil é o décimo segundo maior parceiro comercial da UE sendo responsável por 1,5 % do comércio total da UE.
O Brasil é o segundo maior exportador de produtos agrícolas para a UE (2020).
O Brasil é o maior destino de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da União Europeia (UE) na América Latina, com 263 bilhões de euros investidos no país.
Neste contexto, o acordo UE e Mercosul seria uma prioridade destacada pelo próprio presidente Lula, abrindo novas perspectivas de exportações.
Esse acordo foi assinado em junho de 2019.
O texto já passou por revisão legal e está em fase de tradução a todos os idiomas oficiais da UE.
Prevê que em 10 anos as tarifas de exportação da América do Sul a Europa, sejam zeradas e em contrapartida, a Europa precisa realizar a retirada de 91% das suas tarifas de exportação.
O encaminhamento do documento para votação no Conselho da União Europeia (UE) e no Parlamento Europeu, contudo, depende fundamentalmente de alinhamentos políticos.
Entre os entraves políticos predominam a posição protecionista da França e ultimamente as declarações do presidente Lula, acerca da relação com a Rússia, Ucrânia e UE
Ele chegou a declarar que os Estados Unidos e a Europa estimulam a guerra ao ceder armas para a Ucrânia.
Desgastou-se muito no plano externo.
Os franceses insistem, que o tratado não deve ser implementado sem garantias "sólidas" sobre o cumprimento do Acordo de Paris, o tratado mundial das mudanças climáticas.
Mas, na verdade trata-se de uma desculpa para o protecionismo agrícola.
Como o Brasil é grande produtor de alimentos agrícolas, os produtores franceses temem concorrência desfavorável em um cenário de eliminação de tarifas.
Para entrar em vigor, o acordo tem que ser ratificado por todos os 27 países membros da União Europeia.
Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia sentiram-se ofendidos pelo presidente brasileiro.
Em nota conjunta, afirmaram que estão ajudando a Ucrânia a exercer seu direito legítimo de autodefesa e que o Kremlin deve retirar todas as tropas do território ucraniano.
As imprensas portuguesas e espanholas destacaram, que Lula foi recebido por aplausos e protestos de ambos os lados, nas duas visitas.
No El País, Lula foi classificado como um símbolo, "para o bem ou para o mal",
A conclusão é que a ida à Portugal e Espanha valeu como cordialidade, mas nada de concreto trará para o Brasil, em termos políticos e econômicos.
A causa talvez seja a rigidez ideológica como nos bastidores o ex-chanceler “Celso Amorim” dá as cartas do que deve ser feito ou não na política externa.
Ele é chamado do ‘Rasputin tropical’ e sem dúvida o principal nome que influencia o governo nessa área.
Inegavelmente, um diplomata experiente, porém com uma leitura do mundo muito antiga, destoando inclusive da própria esquerda.
Resta aguardar as novas etapas das nossas relações internacionais.