Postado às 06h10 | 12 Mai 2020
Ney Lopes
Após o mais melancólico Dia das Mães da história da humanidade, o Brasil amanhece nesta segunda, 11, com várias interrogações pairando no ar (????). O texto a seguir relata fatos reais. A conclusão dependerá de cada internauta-leitor. Vejamos. Ontem, 10, o coronavírus atingiu mais de 11 mil mortes e cerca de dois mil casos aguardam confirmação (quase 500 mortes nas últimas 24 horas). Exemplificando, quando um acidente de avião causa 200/300 mortes, a consternação é geral no mundo.
Entretanto, 11 mil mortes não mereceriam pelo menos uma palavra de “luto” ou “pesar” do Presidente da República? Ao contrário, ele ironizou a “quarentena”, esbravejou contra governadores e prefeitos responsabilizando-os pelas mortes, debochou do impeachment e sem apresentar plano consistente, anunciou a ampliação da “abertura geral”. Achou pouco e declarou de alto e bom som: “Vou sair da Presidência da República, no dia 1º de janeiro de 2027” (analisaremos depois).
Enquanto isso, cada brasileiro ouviu o ministro da saúde transformar-se no primeiro membro do governo federal a registrar tristeza e sofrimento pela marca de mais de 10 mil mortes e solidarizar –se com as “famílias das vítimas". Afinal, em matéria de pandemia, quem fala pelo governo: o presidente Bolsonaro, ou o ministro Nelson Teich?
Como se não bastasse, o “aliado presidencial contrário a quarentena” ex-ministro Osmar Terra foi a uma rede de TV e disse que “isolamento” não funciona e que o vírus somente se transmite em casa. Ou seja, o mundo inteiro estaria errado, repetindo asneiras? Só estariam certos Bolsonaro e Osmar Terra?
As medidas dos governadores e prefeitos seriam responsáveis pelo aumento das mortes, como insinua o presidente? E se essas providencias não tivessem sido tomadas, como estaria o país? O “aliado” Osmar Terra citou na TV, o exemplo de suspensão da quarentena na Coreia do Saúde (um país rico, que aplicou testes em massa).
Justamente quando ele falava, a mídia noticiava que o vírus voltara à Coreia e a quarentena também. Francamente, está difícil entender o Brasil de hoje.
A única alternativa que resta é perguntar: até quando, tantas contradições?