Postado às 05h56 | 25 Dez 2020
Ney Lopes
Ontem, 24, véspera de Natal, os negociadores da União Europeia e do Reino Unido respiraram aliviados.
Fecharam um acordo histórico, que vai regular a relação entre os dois blocos com a concretização do “Brexit” (a saída do Reino Unido da União Europeia).
No verão de 2016, num referendo convocado pelo primeiro-ministro de então, David Cameron, 52% dos eleitores britânicos votaram pela saída do Reino Unido da União Europeia. Uma derrota para o chefe do governo de então que se envolveu na campanha pela permanência. Agora, em 1 de janeiro de 2021, 4 anos e meio depois o Reino Unido e a União Europeia dão início a uma nova relação comercial.
O acordo do “Brexit” é o derradeiro capítulo de uma história que começou mal, entretanto ganhou vida própria, e que vai acabar por gerar dificuldades ainda imprevisíveis. Certamente, o Reino Unido pagará um preço caro na sua pretensão ultranacionalista de não admitir parcerias solidárias com os europeus. Os ingleses querem vida própria e assumem o perfil de colonizadores, caracterizado ao longo da história.
Uma das reivindicações foi afastar os europeus de pescaria em espaços oceânicos britânicos. O desejo era que houvesse uma redução de 80% na permissão de pesca numa parte do Mar do Norte, importante nomeadamente para os armadores franceses que lá trabalham. Sofrendo impactos decorrentes de pandemia, o isolamento do Reino Unido passou a ameaçar inclusive o abastecimento alimentar da população.
Tal fato levou o primeiro ministro Boris Johnson a ceder e aceitar que as proibições de capturas dos pescadores europeus em águas britânicas, sofressem uma redução de apenas 25%.
Pelo que se nota, as perspectivas são de que o Brexit seja altamente prejudicial para os britânicos, pelo grau de importância que o comércio com o continente tem para as finanças do país.
Mas, a decisão foi tomada ao calor de emoções de nacionalismo inconsequente, cujo custo futuro é ainda incalculável.