Postado às 16h55 | 26 Out 2020
Ney Lopes
Às vésperas da eleição americana e os prognósticos de vitória do democrata Joe Biden surge a pergunta: como serão as relações do Brasil com os EEUU, considerando que Bolsonaro manifesta publicamente o seu apoio a Trump?
Os analistas não negam que existirão dificuldades iniciais. Um dado é que o eleitorado norte-americano em geral, não aprova quem opina sobre o processo político interno do seu país.
Bolsonaro fala que a soberania brasileira deve ser respeitada, mas a recíproca não é verdadeira, quando opina sobre quem o americano deve votar.
Entretanto, Joseph Nye, professor emérito de Harvard, opina que o relacionamento dos EEUU e Brasil tenderá a continuar forte, se Biden ganhar. Ele discorda que a relação pessoal entre Trump e Bolsonaro venha a ser o que realmente determinará o papel do Brasil na política externa americana.
Afinal, o Brasil é uma das maiores economias do mundo e tem lações históricos com os EEUU, além de afinidade cultural e proximidade. A tendência será “esfriar” o antagonismo. Há quem considere que as declarações de Biden sobre a Amazônia não foram ameaça ao Brasil e sim uma proposta de trabalho com o país e o resto do mundo para resolver a crise na Amazônia.
O desejo de Biden seria na verdade colaboração, até financeira, para ajudar a causa global de proteção da floresta, também o propósito de Bolsonaro e dos militares. O que se depreende da plataforma democrata é a volta ao multilateralismo, que Trump se afastou, isolando o seu país do resto do mundo, sob o absurdo argumento da “América Primeiro”.
O estilo Biden será mais diplomático e menos confronto. O enfrentamento da China deve manter-se e os EEUU lutarão para recuperar a liderança internacional, porém dialogando com todos, sobretudo os europeus, atualmente isolados.
Uma das estratégias será a volta às organizações multilaterais, como a Organização Mundial da Saúde e OMC, que Trump abandonou e agrediu.
Se a tensão for reduzida nas relações com a Casa Branca, o Brasil só terá a ganhar. Espera-se que o bom senso impere e tal aconteça.
É claro: se Biden ganhar a eleição.