Postado às 06h11 | 22 Set 2020
Ney Lopes
A Colômbia enfrentou, desde 1960, a ação devastadora do movimento “Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo”, fundado pelo Partido Comunista, que se propôs utilizar a luta armada como parte de uma estratégia política para chegar ao poder.
Em 2016 foi assinado um Acordo de Paz, muito questionado por prós e contras. Em decorrência, a organização guerrilheira mais antiga das Américas se desmobilizou, abandonou as armas, com exceção de alguns grupos minoritários de dissidentes.
Nos últimos meses tem se constatado volta à violência, através do aumento de massacres, assassinato de líderes sociais e ex-combatentes, que assinaram a paz, desenhando assim uma preocupante crise de segurança no país.
No último domingo, o departamento (Estado, na Colômbia) de “Cauca” foi palco de ações violentas, com quase uma dezena de mortes e muitos feridos. Em agosto, várias matanças deixaram pelo menos 45 mortos, obrigando o presidente Iván Duque a tomar medidas repressivas.
O acordo de Paz pretendia estender a presença do Estado, mas as autoridades não ocuparam o vácuo deixado pela guerrilha. Tal fato deixou espaço para a atual nova etapa de violência armada, que é caracterizada pela fragmentação de grupos, sem liderança determinada, como eram as FARC. Um arquipélago de grupos armados se mantém ativo em diferentes regiões, mesmo em meio à pandemia.
Iván Márquez, o número dois da antiga FARC, foi quem anunciou que iniciará nova etapa da luta armada contra o que chamou de oligarquia "excludente e corrupta". A declaração de Márquez, foi divulgada na internet, por meio de um vídeo de 32 minutos.
A cada dia se torna mais incerto o futuro do país. Agora, Iván Márquez se junta a todos aqueles - do partido do governo e do próprio governo - que rejeitam o acordo de Paz. Com muitos adeptos, ele terá mais munição para tentar bombardear um processo de paz que, embora admirado internacionalmente, é debilitado internamente.
A verdade é que o futuro da Colômbia está nas mãos de Deus.
Ninguém sabe, até onde irá a violência, que já voltou.