Postado às 06h16 | 11 Jun 2021
Ney Lopes
O presidente Bolsonaro deixou o país atônito no final da tarde de ontem, 10, ao declarar que mandou um tal Queiroga (referia-se ao seu ministro da Saúde) fazer um parecer para desobrigar o uso de máscaras por pessoas que já tiveram Covid-19 e vacinados.
Veja-se: ele não determinou estudos, mas “mandou” executar a medida de retirar máscaras na população.
Sempre abordamos temas polêmicos, que envolvam o governo Bolsonaro, de forma isenta e com equilíbrio.
No caso da CPI, por exemplo, temos condenado com veemência as práticas autoritárias e o “dirigismo” da investigação, que não é contra o vírus, mas contra a pessoa física do Presidente da República.
Porém, em relação à última declaração do presidente, não podemos deixar de condená-la e considerar um ato absolutamente fora de lógica e que realmente põe em risco a população, considerando o “efeito-imitação” decorrente do exemplo dado publicamente pelo Chefe do Governo.
Observe-se que é mais uma polêmica jurídica que o Presidente suscita, pois, o uso de máscaras, segundo TSF, é competência de decretos estaduais, municipais ou distritais e não lei ou norma federal.
O Presidente coloca o seu bem-intencionado ministro da Saúde numa “saia justa”, pois ele nesta semana declarou na CPI a necessidade do uso de máscaras e demais medidas sanitárias.
Há estudos mostrando que vacinados podem seguir transmitindo o vírus.
O mesmo vale para os já considerados curados da doença.
Tome-se como exemplo os Estados Unidos, que têm mais de 40% da população vacinada com as duas doses, além de existir a dãsponilibildade para quem queira ser imunizado.
Mesmo assim causou discordância na comunidade cientifica a liberação das máscaras, com a “ressalva” de que, o não uso será exclusivamente em locais abertos.
No Brasil, temos menos de 12% da população vacinada com duas doses.
Temeridade total, portanto, o que deseja o Presidente, e que foi anunciado atabalhoadamente por ele, sem nenhuma consulta prévia ao seu Ministério da Saúde e a comunidade médico-cientifica.
A OMS recomenda que o uso das cautelas sanitárias deve ser mantido, até que não haja mais transmissão comunitária.
A agravante é que o Brasil já mira uma “terceira onda”, justificando-se maiores cuidados.
Independentemente de ser ou não simpatizante do Presidente, o seu pronunciamento é um ato de intensa temeridade, rejeitado pela Ciência e que a Nação não pode aceitar.
Trata-se realmente de respeito à preservação da vida e saúde dos brasileiros.
O presidente precisa raciocinar e rever a sua posição, sob pena de invalidar as ações positivas do seu governo no próprio enfrentamento da pandemia, como foi a inegável liberação de mais de 150 bilhões para estados e municípios combaterem o vírus.
A hora é de vacinar em massa, até para manter empregos e dinamizar a economia.
Não há outra alternativa sensata, racional e de bom senso.
O Presidente Bolsonaro, com a ajuda de pessoas responsáveis que o assessoram, precisa entender isso, o mais rapidamente possível.
A catástrofe da Covid 19 é a maior tempestade e temporal já enfrentados pela humanidade.
Afinal, um chefe de governo eleito livremente, lidera a Nação e precisa assimilar que, como já disse Epicuro, a sua reputação e capacidade de conduzir o barco, dependerá da forma como se comporte durante os temporais e tempestades, que seja obrigado a enfrentar e propor soluções.
Essa é a responsabilidade do Presidente Jair Bolsonaro, neste momento trágico nacional.