Postado às 06h19 | 17 Jun 2021
Ney Lopes
Não se trata de “caça às bruxas”, com objetivos políticos, como tem feito a CPI da Covid, que perde credibilidade, pela forma como trata os depoentes.
Entretanto, há uma verdade, que não pode ser escondida: infelizmente, nada aponta para uma melhora rápida do quadro sanitário nacional.
O Brasil tenta acelerar a vacinação, mas ainda exibe índices muito baixos de imunização completa da população.
Menos de 15% dos brasileiros receberam as duas doses necessárias da vacina contra a covid-19.
Por outro lado, a maior parte das regiões do país segue flexibilizando restrições de circulação, mesmo com a alta de contágios.
Em São Paulo, que acumula o maior número de mortes no país, foram 22.582 novos casos do novo coronavírus registrados nesta quarta-feira, o oitavo maior número diário desde o início da pandemia.
Ontem, 16, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a antecipação da chegada de 7 milhões de doses da vacina da Pfizer em julho.
Existe inegavelmente o esforço de vacinação, porém, não vai conter uma nova onda de contágios e mortes, preveem os especialistas, citando os exemplos do Reino Unido e do Chile, onde a imunização já está bastante avançada.
Veja-se a decisão do premiê britânico Boris Johnson.
Ele adiou o final das restrições contra a Covid, em razão da expansão da variante indiana a um ritmo preocupante nas últimas semanas.
Já a cidade de Santiago, a capital chilena, volta ao “lockdown”, pela alta de internações, especialmente de jovens, ainda não vacinados.
Neste contexto, não é suficiente a ação do Ministério da Saúde, que realmente se esforça e tenta alcançar resultados positivos.
O que não pode é o presidente Bolsonaro continuar na teimosia de dar argumentos contra si próprio, auto incriminando-se ao não recomendar o uso de máscaras, promover aglomerações e ostensivamente desacreditar a vacinação.
Esse é hoje o problema mais sério no Brasil.
Maior, do que a própria pandemia.
O governo constrói com uma mão e destrói com a outra.
Não se deseja criminalizar o presidente, nem exigir dele o impossível, já que as dificuldades e consequências catastróficas da pandemia não ocorrem apenas no Braisl, mas em todo o mundo.
O que se deseja é que ele faça a parte dele, CALANDO A BOCA, deixando de oferecer diariamente argumentos à CPI para condená-lo e, sobretudo, não contestando o "resto do mundo", ao desconhecer as regras de prevenção absolutamente necessárias para combater a Covid 19.
Não seria pedir demais, que o presidente num gesto de humildade fosse a TV e afirmasse que, pela evolução da doença epidêmica, adotaria outra postura.
Não se trataria de confessar erro na condução da pandemia, já que o vírus é até hoje absolutamente imprevisível, a própria ciência evolui e adota posições diferentes, dia a dia .
O maior beneficiário seria o próprio presidente Bolsonaro, o seu governo e o povo brasileiro.
Talvez sejam contra essa postura, aqueles que torcem pelo "quanto pior melhor".
O que se espera é somente isso.
Nada mais!