Postado às 06h23 | 13 Ago 2020
A liberdade é inseparável do liberalismo. E a liberdade não pode ser só liberdade econômica. Deve avançar ao mesmo tempo, nos campos político, econômico, cultural e social.
Ney Lopes
Gerou-se grande expectativa ontem, 12, ao final da tarde com a montagem de cenário, em frente ao Alvorada, para pronunciamento do Presidente.
A curiosidade era sobre o que diria o chefe do governo, diante da “camisa de força” armada pelo seu ministro da Economia, membros de sua equipe e aparentemente com apoio dos presidentes da Câmara e do Senado.
A questão se resume no seguinte: o país vide momento dramático, a exemplo do mundo, face a pandemia. As pressões crescem, não apenas das “massas empobrecidas”, mas sobretudo da atividade econômica inconformada com prejuízos.
Neste contexto, o “tzar” Paulo Guedes sobe o tom e mais do que nunca quer “impor” a sua agenda liberalizante, de predominância absoluta das forças do mercado, até amedrontando o Presidente, do risco de sofrer “impeachment”, caso não siga a sua orientação.
O clima esquentou no início da semana, com as declarações contundentes de Guedes, seguida de “demissões” na sua equipe, as quais, ao que tudo indica, foram “orquestradas e combinadas” com ele para transmitir a ideia do caos, se “todos” pedissem demissão.
Quem tenha juízo e lucidez não pode condenar "parte" das preocupações do Ministro da Economia. Indiscutivelmente não é hora de gastança, de esbanjamento de dinheiro, de quebra do teto de gastos. O que tem de ser discutido é a “forma” de condução dessa política econômica de austeridade, após a pandemia.
É total inverdade colocar as posições do “tzar” Paulo Guedes como sendo as “únicas” recomendadas pelo liberalismo. Em absoluto.
Ser liberal não é ser dogmático, embora alguns sejam e Guedes é um exemplo. Ser liberal é ser doutrinário, ter princípios, que se ajustam às circunstancias históricas, culturais, políticas de cada país. Ter princípio significa ter valores não negociáveis. E no liberalismo, esse valor é a “liberdade” individual, politica, econômica, religiosa, social.
No caso brasileiro atual, a “fala” do Presidente ontem, 12, demonstrou muito equilíbrio e transmitiu tranquilidade à nação.
Ao lado dos presidentes da Câmara e do Senado, ele se comprometeu em obedecer o teto de gastos e seguir na linha de mudanças administrativas e tributárias. O presidente do senado destacou que o Congresso teria visão social.
Isso é o mais importante. Não adianta aplicar regras ortodoxas de liberalismo da Escola de Chicago para “vender” a preço de bolo de coco o patrimônio nacional e no final o déficit continuar, com desemprego.
Os exemplos de multidões nas ruas estão à vista. E quando essas multidões não recuam, terminam encontrando soluções, como se vê no Chile, França, Itália e tantos outros países.
A “fala” presidencial foi no sentido de segurar o “leme” do barco Brasil e seguir em frente, sem necessidade do “liberou geral” que o Ministro “tzar” insinuou, quando começou suas pressões. Não se pode negar, que a posição do Presidente Bolsonaro tranquilizou a classe média, servidores civis e militares, os assalariados, os pequenos e médios empresários, agricultores.
Talvez, tenha intranquilizado quem defende transferir para essas classes citadas o pagamento da conta, que virá após a pandemia.
Essa deverá ser responsabilidade de todos e não apenas de “alguns”.
Mudanças verdadeiramente liberais devem ser defendidas com a visão, que compartilhe os ganhos da economia, com os ganhos sociais.
A responsabilidade deverá ser de todos e não apenas de “alguns”. Llosa tem a razão:“A liberdade é inseparável do liberalismo. E a liberdade não pode ser só liberdade econômica. Deve avançar ao mesmo tempo, nos campos político, econômico, cultural e social. ”