Postado às 06h33 | 27 Jul 2020
Ney Lopes
A Europa vive momento tremendamente difícil, avaliam os analistas internacionais. O continente se expõe aos riscos de uma nova “guerra fria”, que surge 30 anos após aquela do final da II Guerra Mundial.
Em 1948, os europeus foram vítimas de numerosas disputas sobre a ocupação da Alemanha entre os países ocidentais e a União Soviética, antes aliados na II Guerra Mundial. Agora, a guerra fria nasce do confronto dos EUA e a nova potência em ascensão, a China.
O cenário mostra, de um lado, regime totalitário e de outro uma democracia. As labaredas entre os dois, nascem de enorme leque de hostilidades, espionagem, propaganda, força militar e símbolos. O historiador Tony Judt, ao analisar a posição da Europa, opina que “não faz muito sentido se perguntar: quem começou a Guerra Fria”.
O importante será sair por cima do perigoso fogo cruzado, semelhante ao “labirinto de Creta”, que ameaça o futuro dos europeus. Do ponto de vista, por exemplo, dos avanços tecnológicos a Europa está em clara desvantagem. Entre as 20 maiores empresas de Internet do mundo, não há nenhuma com sede no continente. Entre os 50 maiores unicórnios também não há nenhuma radicada na União Europeia. Unicórnio significa o nome que se dá para os “startups” (modelos de negócios), que alcançam valor de mercado de um bilhão de dólares.
A China e os EUA também lideram o ranking de supercomputadores. A Alemanha tentará acalmar as aguas entre americanos e chineses, com uma reunião prevista para setembro, mas adiada pela pandemia. O objetivo é colocar os interesses da União Europeia na agenda dos dois gigantes, em conflito. Tarefa que não será fácil, pelas dificuldades de que, ao contrário dos EUA e da China, a Europa não forma um só Estado, sequer um único mercado administra choques permanentes, como ocorreu recentemente no Reino Unido.
A Europa está com medo, por colocar- entre dois fogos comerciais e diplomáticos, com grande poder destruidor de suas economias.
Enquanto isso, a China faz incursões de hegemonia na América Latina e na África.
É o caso de perguntar: onde vai acabar essa nova guerra fria?