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Opinião: "A audácia do “novo”"

Postado às 06h42 | 12 Jun 2020

Ney Lopes

Wilson Witzel é nome a ser analisado na política brasileira. Em 2018 foi “produto” ideal, na onda da “nova política”. O país arrasado pela corrupção abriu espaços para o chamado “novo”. Witzel, ex-fuzileiro naval e magistrado anônimo, alçou voo relâmpago para o governo do Rio de Janeiro, com o apoio do senador Flávio Bolsonaro.

Na campanha, Flávio disse que ambos vestiam a “camisa do Brasil, da decência, da moralidade e do respeito com o dinheiro do contribuinte”. Os dois adotaram o discurso do olho por olho, dente por dente. O Datafolha apontou Witzel com 14%. Entretanto, a pregação do “novo” empolgou o eleitorado.

Apurados os votos, ele teve 41.28% e no segundo turno 59.87%. O seu amigo e correligionário senador Flávio Bolsonaro teve razão, quando nas comemorações da vitória justificou, que foi na “união de mãos, que dois sonhadores se uniram e contaminassem todos os corações do meu lado e do lado dele”. Após a posse, o “novo” Witzel, com a bandeira da anticorrupção nas mãos, demonstrou nível de ambição política, acima do normal.

Em março de 2019 declarou que seria candidato à presidente da República, em 2022.  O clima “esquentou” com Bolsonaro, que desde a posse pensa em reeleger-se. O rompimento veio, quando Bolsonaro acusou Witzel de ter vazado informações à imprensa sobre a investigação da morte de Marielle Franco para implicá-lo.

Nos últimos dias, estourou o “escândalo”, que uniu o PT e Bolsonaro no impeachment contra Witzel, por acusações de desvio de dinheiro na construção de hospital, fraudes na compra de respiradores e outros fatos. O Planalto certamente está exultante. Elimina concorrente e já ameaça “outros”.

Embora o presidente não tenha culpa pelas ações de Witzel, está provado que essa história de “novo” significa a falsa noção, de que combater a corrupção é “virtude”, quando é “dever do cidadão”.A “nova política” no Rio de Janeiro não passou da reedição do palanque dos “velhos” ex-governadores presos — Anthony e Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e Moreira Franco.

Na política, audácia não combina com “novo”.

 

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