Postado às 08h52 | 12 Jun 2021
Faleceu o advogado e professor, Marco Maciel.
Foi deputado, governador de Pernambuco, senador, ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República e vice-presidente da República de 1995 a 2003, no governo Fernando Henrique Cardoso.
O ex-governador de Pernambuco Gustavo Krause expressou seu pesar coma morte de Marco Maciel.
"Mais uma dor, mais uma perda, mais um sofrimento que acomete todos nós e que nos põe diante do mistério da existência humana.
Foi-se a referência e fica o exemplo renovado pelo amor/amigo".
Disse em vida o que ele representou para mim:o ser humano menos imperfeito com quem convivi em cinco décadas.
Como afirmou Anchieta Hélcias: foi para a morada de Deus, o seu grande amigo", escreveu.
Uma vida
Você pode não gostar do estilo ou seguir outra ideologia, mas Marco Maciel era uma das poucas unanimidade política.
Ninguém tinha o que falar do ex-governador, senador, deputado federal e vice-presidente da República.
Político, sempre foi conhecido pelo seu jeito calmo, discreto, de poucas palavras.
E, nunca, teve seu nome envolvido em escândalo ou qualquer menção duvidosa.
Pois, ele se foi, aos 80 anos, na madrugada deste sábado, dia 12 de novembro, em Brasília, onde vivia com sua mulher Anna Maria Maciel. Ele deixou também três filhos.
O funeral será realizado em Brasília em cerimônia restrita a família por conta das limitações da pandemia.
Maciel estava com Alzheimer desde 2001. O mal é uma doença neurodegenerativa progressiva , fazendo com que ele se afastasse da vida política em 2011.
Fiel e muito religioso, largava sua agenda de campanha para prestar sua devoção, acompanhando a missa dominical.
Era fiel aos amigos e aos eleitores.
Marco Antônio De Oliveira Maciel nasceu em Recife (PE), em 21 de julho de 1940.
É filho de José do Rego Maciel e Carmen Sylvia Cavalcanti de Oliveira Maciel.
Dos três filhos e seis filhas do casal, só Marco Antônio optou pela vida pública, seguindo o exemplo do pai, que foi Secretário da Fazenda, duas vezes Deputado Federal, Prefeito do Recife, Promotor e Consultor-Geral do Estado.
Marco Maciel começou militando na política universitária na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco.
Nessa época conheceu, na Universidade, a estudante de Sociologia Anna Maria Ferreira Maciel, sua esposa, com quem tem três filhos: Gisela (casada com Joel de Sant’Anna Braga Filho), Maria Cristiana (casada com Domingos Fernando Cavadinha Guimarães Filho) e João Maurício (casado com Ana Caroline de Oliveira Pereira Maciel).
Iniciou sua vida política ao ser eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco, em 1963, realizando uma gestão que o levaria a romper com a cúpula da União Nacional dos Estudantes.
A eleição para a UME contou com o apoio financeiro do IPES – Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, organização de direita criada no fim de 1961.
Depois, se filiou a Arena, partido que apoiava o regime de ditadura militar então instaurado, e passou a atuar na política partidária na qual estreou em 1966 ao se eleger deputado estadual e a seguir deputado federal nos anos de 1970 e 1974.
No decurso de seu segundo mandato foi eleito presidente da Câmara dos Deputados em março de 1977, para o biênio 1977—1979 e em sua gestão, o presidente Ernesto Geisel decretou o recesso do Congresso Nacional, através do Ato Complementar 102 em 1º de abril de 1977, com o intuito de aprovar a reforma judiciária que fora rejeitada pelo parlamento que seria reaberto em 14 de abril, após a outorga de duas emendas constitucionais e de seis decretos-leis regulamentando a reforma do judiciário e a reforma política, esta última caracterizada pela instituição dos chamados senadores biônicos.
Contrário à supressão das prerrogativas do Congresso Nacional, Marco Maciel não tomou parte nas cerimônias que marcaram a vigência das medidas baixadas pelo Poder Executivo, mas fiel ao seu estilo discreto não polemizou a respeito do assunto e em sinal de reconhecimento por sua postura foi indicado governador biônico de Pernambuco pelo próprio Geisel em 1978.
Ao longo de sua gestão montou uma equipe de técnicos e políticos que cerraram fileiras nas eleições de 1982, quando o PDS pernambucano obteve um apertado triunfo, contra os oposicionistas do PMDB, tendo à frente o senador Marcos de Barros Freire, então candidato a governador.
Eleito senador naquele ano, Maciel teve seu nome lembrado como uma das alternativas civis à sucessão do presidente João Figueiredo, em face, sobretudo, à sua grande capacidade de articulação.
Reeleito senador em 1990, Marco Maciel passou à condição de líder do governo Collor no Senado, função da qual declinou quando o processo de impeachment do presidente se apresentou irreversível.
Em agosto de 1994 foi escolhido pelo PFL como o novo candidato a vice-presidente da República em substituição ao senador alagoano Guilherme Palmeira em virtude de denúncias de irregularidades na destinação de emendas orçamentárias que pesavam sobre esse último, sendo eleito e reeleito como companheiro de chapa de Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998, respectivamente.
Sua postura discreta permaneceu inalterada, mesmo diante dos episódios que levaram ao rompimento do PFL com o governo federal às vésperas das eleições de 2002, nas quais Marco Maciel conquistou seu terceiro mandato como senador pelo estado de Pernambuco. Exerceu o cargo de senador de 2003 até 2011.
Era notório torcedor do Santa Cruz, tanto que o estádio do time leva o nome do seu pai: José do Rego Maciel.