Postado às 05h24 | 09 Fev 2021
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (8/2) que nunca foi contra a vacina anticovid. Em uma mudança de tom, o chefe do Executivo admitiu que a imunização em massa é a solução para uma retomada mais rápida da economia.
“Nunca fui contra a vacina, sempre disse ‘passou pela Anvisa, compra’. Tanto é que a CoronaVac passou pela tangente”, alegou. O mandatário completou que o governo está "fazendo o possível": “Estamos preocupados com a vida. Se vacinar, a chance de voltarmos à normalidade na economia aumenta exponencialmente. Queremos isso aí", assegurou.
Bolsonaro voltou a citar a mãe, Dona Olinda, de 93 anos como um exemplo. Em janeiro, o mandatário afirmou que não sabia se votaria, na decisão familiar, a favor da vacinação da idosa. Hoje, disse que votou ‘sim’.
"Temos um vírus. Não negamos. Temos. Estamos preocupados. Hoje meus irmãos decidiram, estão votando aqui se a minha mãe vai ser vacinada ou não com 93 anos de idade. Eu já dei lá, eu votei lá sim. Com 93 anos deixar ela ser vacinada mesmo com uma vacina aí, não está comprovada cientificamente", contou, desmerecendo a liberação da Anvisa que, só autoriza o uso de imunizantes com eficácia comprovada.
Ainda em janeiro, o mandatário reforçou que não tomaria a vacina e que o indivíduo que recebesse a imunização deveria arcar com os efeitos adversos. "Eu não pretendo tomar vacina sem que ela seja devidamente comprovada cientificamente. Não pretendo tomar. Quem quiser tomar, o governo vai estar à disposição. O governo federal vai fazer campanha sim, mas campanha responsável para o povo se vacinar sabendo aí de todas as possíveis consequências e efeitos adversos."
Em dezembro, Bolsonaro contestou a eficácia dos imunizantes, chegando a dizer que quem receber as doses poderia "virar um jacaré". No mesmo mês, ele afirmou que a eficácia da CoronaVac, "estava lá embaixo".
Em entrevista na última semana, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que já foi ministro da Saúde no governo de Michel Temer, disse que pressionaria a Anvisa politicamente e ameaçou “enquadrar” a agência reguladora, caso não houvesse uma maior flexibilização nas regras para aprovação de vacinas contra a doença causada pelo novo coronavírus. Nesta segunda-feira (8/2), ao jornalista José Luiz Datena, Bolsonaro relatou não apoiar a briga com a Anvisa.
"Eu tenho conversado com o Ricardo Barros, converso com ele reservadamente. Ele já foi ministro, já foi líder de outros governos. Ele tem uma liberdade muito grande. Essa briga com a Anvisa eu não apoio. É um órgão autônomo, independente, que tem um papel importantíssimo na saúde pública", concluiu.