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No Planalto, Mandetta se recusou a endossar decreto para liberar cloroquina

Postado às 04h55 | 07 Abr 2020

governo federal elabora um decreto para permitir que profissionais da saúde (médicos e enfermeiros) e pacientes infectados com Covid-19 e que estejam em estado grave possam fazer uso do medicamento hidroxicloroquina para o tratamento da doença. Porém, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se recusou a assinar o decreto após a reunião no Palácio do Planalto.

Ao final da conversa no Palácio do Planalto, Mandetta foi convidado a conversar com os médicos Nise Yamaguchi e Luciano Dias Azevedo. Eles defenderam que o ministro assinasse a liberação, mas Mandetta se recusou. Mandetta disse que aconselhou os dois especialistas a debaterem primeiro com os seus pares para depois submeter ao ministério.  

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- Me levaram, depois da reunião lá, para uma sala com dois médicos que queriam fazer protocolo de hidroxicloquina por decreto. Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam - afirmou Mandetta, em entrevista no Ministério da Saúde,  acrescentando:

- (Eu disse) que eles devem se reportar a você (referindo ao secretário Denizar Vianna, de Ciência e Tecnologia da pasta) e que eles devem, nas sociedades brasileiras de imunologia e anestesia, fazerem o debate entre os seus pares. Chegando a um consenso entre seu pares, o Conselho Federal de Medicina e nós aqui do Ministério da Saúde, a gente entra. A gente tem feito isso constantemente. 

Mandetta afirmou que nesta segunda-feira, por exemplo, recebeu informações de pesquisas sobre um remédio, chamado ivermectina, usado para tratar gado, matar carrapato e deixar o pelo do animal bonito. O medicamento pode ser promissor para tratar o novo coronavírus. No entanto, o ministro destacou que será feito '"pela ciência", repetindo diversas vezes a palavra. 

- Vamos fazer pela ciência, ciência. Não vamos perder o foco: ciência, disciplina, planejamento, foco. Não perca. Esses barulhos que vêm ao lado, fulano falou isso, beltrano falou aquilo, esquece, eles estão aqui do lado - disse Mandetta.

Logo depois, Denizar Vianna, secretário de Ciência e Tecnologia, falou que a pasta deve ter resultados para anunciar ainda no mês de abril sobre terapias seguras para tratar a covid-19. Ele não deu detalhes sobre a quais medicamentos se referia.

- Estão em curso vários ensaios clínicos para testar esses medicamentos. Temos resultados preliminares ainda no mês de abril para oferecer terapias seguras e eficazes para a população. Temos que pautar as decisões baseadas em evidências científicas - disse Vianna.

O presidente Jair Bolsonaro tem sido entusiasta do uso da cloroquina para tratar o novo coronavírus, embora os testes ainda sejam iniciais e não haja ainda um protocolo estabelecido. Na contramão do discurso de Bolsonaro, Mandetta adota tom cuidadoso ao falar da substância.

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