Postado às 07h08 | 14 Ago 2022
Ney Lopes
Vê-se na foto a semelhança física do meu Pai Josias de Oliveira Souza e do meu filho Ney Júnior, ambos falecidos.
Hoje, o dia dos Pais lembra o meu pai e também Ney Júnior, que se vivo fosse estaria ao meu lado.
Portanto, é o "Dia dos Dois".
A saudade deles "faz as coisas pararem no tempo", como disse Mario Quintana.
Sinto a dor de não poder abraçar o meu pai e de não sentir o carinho do sorriso solidário de Ney Jr, no almoço da família.
Pela primeira vez, Ney Jr estará ausente.
Recordo papai, católico, estatura mediana, humilde por natureza, cabelos lisos bem penteados, voz mansa, simples, solidário “de plantão”, olhava nos olhos de quem apertava a mão com firmeza.
O seu maior orgulho era ter nascido no Açu (RN), conhecida como a “cidade dos poetas”.
Observador, ele gostava de poesia.
Era alfaiate.
Com a presença norte-americana em Natal, durante a II Guerra Mundial, aprendeu tirar medida de roupa, cortar tecido, mas não sabia costurar.
Instalou a Alfaiataria Globo, no Alecrim, em Natal e sustentou a família.
Recordo Ney Júnior, o filho presente, amigo e solidário, em todos os momentos da vida.
Ele tinha extrema dedicação a vida pública e chegou a renunciar em 2001 uma função de assessor do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), após curso de mestrado em Washington DC, para voltar à Natal e candidatar-se a vereador.
Graduou-se em Direito e Jornalismo.
Sinto sua falta todos os dias, em todos os momentos.
Partiu para a Eternidade moço, 47 anos, com tantos sonhos ainda para realizar.
O dia 30 de novembro de 2021, quando subitamente faleceu, para mim é como se fosse ontem.
Difícil encarar a realidade.
“Eles dois” me inspiram força espiritual para manter a unidade da família, através do diálogo, humildade para escutar e firmeza para decidir sem vacilações.
Resistência para não desesperar diante das dificuldades da vida, da morte súbita de entes queridos, das carências familiares crescentes e das inesperadas decepções com pessoas que fomos leais e esperávamos reciprocidade.
A tentativa recente de disputar o Senado avivou essas decepções, que procuro superar
Resistencia e lucidez para enfrentar os ventos malignos da perversão e da imoralidade, que destroem a família e inutilizam as pessoas.
Resistencia para cultivar a autocrítica honesta, onde os erros sejam reconhecidos e o bom exemplo estimulado no seio da família.
Resistencia para viver realmente o sentimento cristão da ajuda ao próximo, para que os outros percebam o valor da unidade e da solidariedade familiar.
Enfim, resistência para recolher no passado os exemplos da experiência herdada, transmitindo, sem autossuficiência e incentivando nos filhos a indispensável criatividade.
Com essa força espiritual, ouço acordado as vozes do meu pai, do meu filho, da minha mãe, recentemente falecida, estimulando a alegria de continuar vivendo.
Mas, diante da dor, somente o tempo ajuda a construir escolhas.
Continuarei tentando.
Neste domingo, dia dos Pais, homenageio “Eles dois” – Josias e Ney Jr.
Baixinho solfejo, no PLURAL, a canção de Sérgio Bittencourt:
“Naquela mesa eles sentavam sempre e me diziam contente o que é viver melhor...
Naquela mesa está faltando ELES, e a saudade deles está doendo em mim”.