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Ney Lopes hoje na "Tribuna do Norte": "2022 no Brasil e RN"

Postado às 05h36 | 24 Fev 2021

Não é fácil formular previsões para as “eleições majoritárias” do Brasil e do RN, em 2022.

No horizonte predomina o fumacento cenário dos “egos” em conflitos dentro dos partidos, que se assemelham a tempestades de fogo político. 

O presidente Bolsonaro fortaleceu a reeleição, com a vitória dos seus candidatos no Congresso, ao conseguir dividir o bloco de centro-direita, que somava apoios, até na esquerda não radical.

O DEM, PSDB e MDB submergem em processo de autodestruição. O DEM enfrenta crises internas, como as ambições de Ronaldo Caiado, que sonha em ser vice de Bolsonaro. Mandetta, inquieto, poderá sair pela falta de indicação do seu nome à presidência.

No PSDB, o clima é igualmente de desagregação. O governador João Doria, mesmo com a força do governo de SP, não controla a sigla, por insistir no seu próprio nome como candidato à Presidência.

O tucano Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, já declara a pretensão de disputar o Planalto. 

O MDB dá sinais de afastamento do deputado Baleia Rossi da presidência, com a substituição pelo governador do DF, Ibaneis Rocha. Isso ocorrendo, a tendência será o partido aliar-se ao presidente Bolsonaro.

A vitória nas Mesas do Congresso desarticulou a esquerda, ao ponto da tradicional petista deputada Marília Arraes ter sido apoiada pelo deputado Arthur Lira para disputar a segunda-secretaria.

No PT, Lula, sem ouvir ninguém, lançou Haddad à presidência em 2022. Conseguiu criar inúmeras dissidências. O PDT interpretou como rejeição ao ex-ministro Ciro Gomes. Pelo visto, só restam cinzas, até agora.

No RN, a reeleição da governadora Fátima Bezerra não é contestada no seu grupo político. Entretanto, internamente no PT estadual existem dissidências entre o deputado Fernando Mineiro, que é simpatizante e amigo do ex-ministro José Dirceu, ao contrário de Fátima.

Recorde-se que, em 2017, na eleição para escolha do presidente nacional do PT, Mineiro votou em Gleisi Hoffmann, que fez na Convenção desagravo público a Dirceu e o chamou de “herói do povo brasileiro”. Fátima apoiou Lindbergh Farias.

A mesma discordância ocorreu no rompimento do PT com Robinson Faria (2016). Assumindo o governo em 2019, Fátima usou panos mornos. Mineiro integrou a sua equipe, embora não alcançasse o objetivo de assumir Secretaria de Planejamento, ou Recursos Hídricos. A tensão diminuirá, se Mineiro assumir mandato de deputado federal.

A oposição à Fátima Bezerra é uma incógnita. DEM e MDB sem mobilidade política.  Líderes de expressão como José Agripino e Garibaldi Alves, ainda cautelosos.

PSDB cooptado pelo governo estadual. O ex-prefeito Carlos Eduardo preserva bom conceito e votos em Natal, faltando maior estadualização do seu nome.

O ministro Rogério Marinho teme lançar-se ao governo e insiste no Senado, o que seria temerário pelos mesmos fatores que o levaram a derrota como deputado. Candidato ao governo, ele teria o “cartão de visitas” do bom administrador, como demonstra no ministério que ocupa e poderia despertar na população a certeza de que a sua experiência e transito nacional ajudariam o estado reerguer-se.

O prefeito Álvaro Dias, sem dúvida opção de peso. Mas, repete que não sairá da prefeitura.

O deputado Fábio Faria atrela o seu futuro político ao governo Bolsonaro e a posição do seu pai, ex-governador Robinson Faria, na disputa de 2022. Inegavelmente, grupo com base eleitoral.

Quem coloca a “cabeça de fora” é o rei do melão, Luiz Roberto Barcelos, paulista, empresário competente, dirigente da empresa Famosa, em Mossoró. A assessoria confirma a sua candidatura a deputado federal, por enquanto. Sabe-se que o objetivo é governador, vice ou senador.

Ele faz pesquisas permanentes. Adota a estratégia de conhecer o “mercado”, antes de lançar o produto. Já dispõe de “plano eleitoral“, no qual detalha as próximas 63 semanas, até a campanha de 2022.

Percebe-se ter chegado a hora de prévio e amplo debate público, com propostas realistas dos pré-candidatos (executivo e legislativo).

Acabou o fetiche da tal “velha, ou nova” política. As eleições municipais mostraram rejeição ao voto “às cegas”. 2022 exigirá credenciais notórias de “credibilidade, competência e experiência”.

O difícil será apagar nos partidos as “fogueiras das vaidades”, o que leva a indicação de nomes, exclusivamente por critérios de grupos, ou “ilusório” peso eleitoral, sem observação do perfil desejado pelo eleitor.

A solução para melhor qualificar a disputa, seria o “candidato avulso”.

Mas, como na comédia de Shakespeare, não passa de “sonho numa noite de verão! ”.

Pelo andar da carruagem, 2022 será tão imprevisível, quanto foi 2018.

 

 

 

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