Postado às 07h04 | 31 Ago 2021
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mobiliza lideranças relevantes de sua base mais fiel, em torno dos atos que promove para o próximo dia 7 de setembro, especialmente em Brasília e São Paulo.
O risco provável será “mirar” o judiciário e aumentar tumultos.
Aí mora o perigo.
Entretanto, cautelas estão sendo adotadas.
Há um esforço gigantesco de várias forças políticas para restabelecer o diálogo entre os poderes.
Caso as evocações ao 7 de setembro, se limitem à normalidade, os atos de mobilização em si nada desabonam a democracia, desde que respeitados os parâmetros legais.
A propósito de normalidade e união nacional há que ser destacado, por justiça, a entrega a Fundação Ulysses Guimarães do documento peemedebista intitulado “Todos Por Um Só Brasil”, obra que servirá como base para as discussões internas da sigla com vistas às eleições de 2022.
A iniciativa oportuna é do ex-presidente Michel Temer, realmente um nome de expressão e de dignidade na política nacional.
O documento contou com a participação de especialistas nas áreas de educação, economia e desenvolvimento, social que marcaram presença na série de debates virtuais “O Brasil precisa pensar o Brasil”.
A análise do ex-presidente Temer é concisa e objetiva ao afirmar que “não vejo riscos para a democracia. Não há a menor condição para isso. Uns podem acreditar, mas eu não. As instituições estão sólidas, consolidadas.
“Só há risco à democracia se tiver a Forças Armadas desejosas disso. E não há. Convivi muito com as Forças Armadas e posso dizer que são obedientes à Constituição e jamais patrocinarão qualquer golpe. A sociedade está unida em defesa da democracia”.
Michel Temer é um quadro respeitável da política brasileira. Mostrou que tem vida limpa.
Diplomata, ético, erudito, dialoga com todos, busca soluções.
O MDB escalou uma equipe de estudiosos que elaborou esse estudo aprofundado sobre o posicionamento de centro, e as experiências partidárias, tanto na economia como na área social.
A ação agregadora liderada por Michel Temer faz questão de lembrar que o partido é contra qualquer radicalização política, dentro de todo o espectro político.
O ex-presidente acredita ser importante o fato de o partido apresentar um documento com suas propostas para o Brasil em vez de “vulcanizar” o processo eleitoral e tendo de adaptar o partido às ideias prévias de um candidato.
O fundamental dessa articulação será a possibilidade de Temer juntar Bolsonaro e Alexandre de Moraes num diálogo democrático e de governabilidade.
Nada fácil, mas possível.
Isso ajudaria muito a pacificação no país, nessa fase conturbada de pré-eleição.
O trabalho sério de Temer é fecundo e esperamos que tenha sucesso, em favor do Brasil.
*Ney Lopes, jornalista, ex-deputado federal, ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da CF, presidente do Parlamento Latino Americano, professor de Direito Constitucional da UFRN, procurador federal e advogado