Postado às 05h49 | 18 Mar 2021
Correio Braziliense
A demissão do general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde pelo presidente Jair Bolsonaro está causando constrangimento no alto escalão do Exército. A visão predominante entre os generais é de que não há espaço para o retorno dele à Força. A torcida é para que ele vá direto para a reserva.
Generais dizem que a estrutura do Exército está toda montada. Portanto, seria um transtorno ter de acomodar Pazuello na Força. “Como ninguém quer abrir mão do cargo que ocupa atualmente, o melhor é que Pazuello vá para a reserva”, diz um militar. “Mas ele tem o direito de voltar, se quiser”, acrescenta.
Outro ponto que pesa contra a volta do quase ex-ministro ao Exército é a questão política. Pazuello na Força significa trazer para dentro do quartel todo o desastre que foi a gestão dele no Ministério da Saúde.
Prazo obrigatório para a reserva
Segundo informações de dentro do Exército, Pazuello, automaticamente, terá de passar para a reserva no próximo ano. É que completará o tempo dele como general intendente. Ele é general três estrelas, não tem mais como ser promovido. Pelas regras, ele pode ficar, no máximo, quatro anos como general três estrelas ou oito, como oficial general.
“O quadro ideal é que Pazuello entre logo para a reserva, sobretudo se quiser continuar no governo”, acrescenta outro militar. Ele acrescenta que a exoneração de Pazuello do Ministério da Saúde deve ocorrer em um ou dois dias, no máximo.
A meta de Bolsonaro é manter Pazuello no governo. Um dos postos cogitados é a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), vinculada à Presidência da República, que é um cargo de natureza limitar. Bolsonaro quer arrumar um jeito de manter o foro privilegiado do quase ex-ministro, que responde a vários processos na Justiça.
“Dentro do Exército, pouco importa se Pazuello ficará no governo, ou não. O que os generais querem é que ele vá rapidamente para a reserva, para descolar a imagem dele da Força”, enfatiza um terceiro militar ouvido pelo Blog. “Queremos que ele deixe de ser problema. Será um alívio vê-lo fora do Ministério da Saúde.