Postado às 05h32 | 25 Abr 2020
Após o pronunciamento em que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que as acusações do ex-ministro Sergio Moro eram infundadas, o Jornal Nacional cobrou do ex-ministro provas de que elas tinham fundamento. Moro mostrou então a imagem de uma troca de mensagens entre ele e o presidente ocorrida na quinta-feira (23).
O contato é identificado por “Presidente Novíssimo”, indicando ser o número mais recente do presidente Bolsonaro.
A imagem mostra que Bolsonaro enviou a Moro o link de uma reportagem do site O Antagonista que diz “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas.”
Embaixo, o presidente escreveu: “Mais um motivo para a troca”, se referindo à mudança na direção da Polícia Federal.
Sergio Moro respondeu explicando ao presidente que a investigação não tinha sido pedida pelo então diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo. Moro disse: “Este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre no STF”, se referindo ao ministro Alexandre de Moraes. Moro prossegue: “Diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas.” E finaliza dizendo: “Conversamos em seguida às 9”, se referindo-se ao encontro que teriam na manhã de quinta-feira (23).
O Jornal Nacional também cobrou de Sergio Moro provas de que ele não havia condicionado a troca no comando da Polícia Federal à sua indicação para o Supremo Tribunal Federal, uma acusação feita pelo presidente Bolsonaro no pronunciamento. O ex-ministro mostrou ao JN a imagem de uma troca de mensagens com a deputada federal Carla Zambelli, do PSL, aliada de primeira hora de Bolsonaro. Ela inclusive estava nesta sexta-feira (24) ao lado do presidente durante o pronunciamento.
Carla Zambelli diz: “Por favor, ministro, aceite o Ramage”, uma referência a Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Abin. Ramagem é um dos candidatos de Jair Bolsonaro para assumir a direção da Polícia Federal.
Parte da deputada a proposta para que Sergio Moro aceite a mudança na PF em troca da nomeação dele para o Supremo Tribunal Federal. Ela diz: “E vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB - iniciais de Jair Bolsonaro - prometer.”
Sergio Moro rechaça a proposta: “Prezada, não estou à venda.” Carla Zambelli continua a argumentar: “Ministro, por favor... milhões de brasileiros vão se desfazer.”
Em seguida ela responde à mensagem de Moro de que não estaria à venda: “Eu sei. Por Deus eu sei. Se existe alguém no Brasil que não está a verba é o senhor.” Verba aqui parece ser venda, com erro de digitação.
Moro finaliza a conversa dizendo: “Vamos aguardar, já há pessoas conversando lá.” Segundo o ex-ministro, era uma referência à tentativa de aliados de convencer o presidente a mudar de ideia.
A deputada Carla Zambelli disse que não vai comentar a troca de mensagens com o ex-ministro. (G1)