Postado às 05h26 | 02 Abr 2020
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, citou "critérios políticos" ao comentar a reunião do presidente Jair Bolsonaro com médidos, na terça-feira. Ele não foi convidado e soube do encontro por médicos com quem mantém contato. Em entrevista à Band na tarde de hoje, Bolsonaro explicou que conversou com dois grupos de pesquisadores sobre estudos no Brasil "no tocante à cloroquina".
- Eles todos foram unânimes de que a cloroquina é uma reali... é quase uma realidade, é bastante palpável. Agora por que não tem um remédio para isso há mais tempo? Porque o problema aconteceu agora. Tem três, quatro meses praticamente que esse problema veio ao mundo. E, para o Brasil, ele veio na prática tem mais ou menos 40 dias, tivemos o primeiro caso no final de fevereiro. Então por isso essa demora - disse o presidente ao apresentador José Luiz Datena.
Questionado durante coletiva de imprensa no Planalto sobre o assunto, nesta quarta-feira, Mandetta afirmou que todo médico deve se responsabilizar por medicamentos usados em pacientes. Ele vem adotando tom cuidadoso ao falar da cloroquina, ao contrário do presidente Bolsonaro:
- Só trabalho com a academia, com o que é ciência. Agora existem as pessoas que trabalham com critérios políticos, que são importantes. Deixem que eles trabalhem, não tenho porque, não me ofende em nada - disse, acrescentando:
- Se isso dá um barulho aqui, ali, para mim é secundário, terciário, quaternário. Eu não proíbo reunião de ninguém, pessoas livres são livres para se reunir, conversar. Querem me trazer sugestão? Seja do lado A, do B, do C, de quem quer de direito, traga com ciência, pesquisa e referendado pelo Conselho Federal de Medicina, que é quem vê questões de medicamentos.
Mandetta, que é médico de formação, voltou a ressaltar que trabalha com técnica, sem mencionar a cloroquina:
- A responsabilidade das prescrições e dos efeitos (de medicamentos) que acontecem é dos médicos, deles. Para isso que existe uma ciência chamada Medicina. Você faz o vestibular, estuda seis anos, conclui e você se submete a regras da Medicina. Estou obedecendo a regras da Medicina e é em cima delas que vou trabalhar, com técnica. O resto, não analiso.
Mandetta foi surpreendido ao saber, por colegas, que o Palácio do Planalto convidou médicos para uma reunião ontem. O ministro respondeu ao profissional que não havia sido chamado e nem estava sabendo. De quebra, o ministro recomendou que o grupo não topasse o encontro caso fosse presencial, para evitar a transmissão de coronavírus.
A informação foi noticiada pelo blog de Andreia Sadi, no G1, e confirmada pelo GLOBO, que apurou serem médicos intensivistas, de grandes hospitais do país, os convidados do Palácio do Planalto. Por esse motivo, Mandetta teria se preocupado com um possível contágio por coronavírus do grupo que está à frente do combate nessas unidades de saúde.
Entre os participantes da reunião, estavam Alexandre Biasi, do Hospital do Coração, Ludhmila Abrahão Hajjar, do Hospital das Clinicas e Otavio Berwanger, do Hospital Albert Eisntein, em São Paulo. O deputado federal Osmar Terra estava presente.