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Mandetta avalia ‘submergir’ para sair do foco de crise do coronavírus

Postado às 05h19 | 15 Abr 2020

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, avalia mudar sua conduta em relação ao presidente Jair Bolsonaro e deve submergir nos próximos dias para sair do foco da crise. Integrantes do Ministério da Saúde consideram que, embora tenha defendido orientações de órgãos internacionais de saúde, o ministro errou ao evidenciar as divergências com o presidente sobre a melhor estratégia em relação ao coronavírus no fim de semana. O sentimento na pasta, de acordo com seus interlocutores, é de arrependimento após a entrevista concedida ao “Fantástico”, da TV Globo, que fragilizou o apoio de militares e de seus pares na Esplanada dos Ministérios. 

Auxiliares de Bolsonaro, no entanto, veem com descrença o voto de silêncio do ministro. Isto porque, nas últimas semanas, Mandetta seguiu dobrando a aposta ao contrariar o presidente sobre temas como isolamento social e uso da cloroquina em pacientes do coronavírus mesmo após conversas que pretendiam apaziguar a relação. Neste momento, segundo pessoas com acesso ao gabinete presidencial, a situação de Mandetta segue indefinida. Ou seja, Bolsonaro continua insatisfeito com o ministro, mas ainda calcula a data e conveniência de uma demissão.

Ministro e presidente também têm se desentendido sobre o uso da cloroquina em pacientes da covid-19. Bolsonaro é um entusiasta do medicamento indicado para tratar a malária, mas que tem apresentado resultados promissores contra o coronavírus. Mandetta, por sua vez, tem pedido cautela na prescrição do remédio, uma vez que ainda não há pesquisas conclusivas que comprovem sua eficácia contra o vírus.

A participação de Mandetta nas entrevistas coletivas de imprensa, que ocorrem diariamente no Planalto com um balanço sobre o novo coronavírus no País, ainda estão sob suspense. O ministro da Saúde aguarda orientações do Ministério da Casa Civil para saber se participará. Na segunda-feira, o ministro foi representado por técnicos. Ele também tem sido orientado por auxiliares a não conceder entrevistas a jornalistas ao longo da semana. A ideia, de acordo com um aliado, é "dar uma mergulhada por enquanto".

Alguns membros do DEM, partido de Mandetta, já vinham alertando o ministro a moderar o tom. Na visão desse grupo, mesmo sendo contrário às medidas defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro, é difícil tolerar insubordinação em qualquer esfera.

Na semana passada, Mandetta descumpriu orientação do Planalto de evitar questionamentos da imprensa durante balanço sobre o novo coronavírus. Após o aviso de que perguntas não seriam permitidas, o ministro da Saúde quebrou o protocolo e permitiu que os jornalistas se manifestassem. A primeira questão levantada foi justamente sobre a relação com o presidente após os recentes desentendimentos, assunto que o Planalto queria evitar.

 

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