Postado às 04h59 | 26 Mar 2020
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta quarta-feira (25/3), o pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro em cadeia de rádio e televisão na noite de terça-feira a respeito da pandemia de Covid-19. Para Lula, ao fazer "guerra política contra a sociedade e governadores", Bolsonaro agiu de forma "eleitoral".
"Eu fiquei assustado, porque o papel de um governante é orientar a sociedade. Tentar orientar baseado em informações científicas. O presidente tem o Ministério da Saúde, que tem dado determinada orientação. Para minha surpresa, o presidente aparece ontem na televisão, de forma intempestiva, fazendo uma guerra política contra a sociedade brasileira, contra governadores, contra prefeitos, que estão tentando acatar as orientações dadas pelo próprio Ministério da Saúde, subordinado ao presidente da República", disse Lula, em vídeo publicado nas redes sociais e no qual aparece conversando com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Hadad, seu companheiro no PT.
"Eu fico imaginando se é esse o papel de um presidente da República. Seria mais correto que ele tivesse convocado uma reunião com os governadores de estados, com secretários da Saúde, juntado seu ministério, dado orientação única para que o Brasil pudesse agir de forma coesa, prosseguiu, antes de emendar: "Para mim, parecia uma preocupação eminentemente política e eleitorial. Ele não está pensando no povo brasileiro, nã está pensando no coronavírus, ele está pensando nele".
Hadad, por sua vez, criticou o que chamou de "comportamento errático" do presidente Bolsonaro. Segundo Hadad, que foi derrotado por Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, Bolsonaro toma decisões das quais acaba recuando pouco tempo depois, como o decreto que permitiria a suspensão dos contratos de trabalho por quatro meses, assinado no domingo e revogado no dia seguinte.
No seu pronunciamento, Bolsonaro voltou a falar que há exagero nas medidas que vêm sendo tomadas por governadores e prefeitos para conter o avanço no novo coronavírus, causador da Covid-19, e defendeu o retorno às aulas e maior atividade econômica.
A fala foi seguida de várias críticas, por parte de parlamentares, governadores e prefeitos. Já o vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que Bolsonaro pode ter se expressado mal e defendeu o isolamento de pessoas. Mesmo assim, Bolsonaro voltou a defender seu posicionamento e disse que "o Brasil não pode parar".