Postado às 06h00 | 03 Mai 2023
Ney Lopes
(Primeiro artigo de uma série a ser publicada até sábado,6)
Na Abadia de Westminster, em Londres, no próximo sábado, 6, a partir de 10 hs (6 da manhã no Brasil) inicia-se uma das cerimonias mais aguardadas no mundo.
A coroa de santo Eduardo, que é a oficial da coroação dos monarcas britânicos, será colocada na fronte de Carlos III, 74 anos, pelo arcebispo de Cantuária.
Um ritual arcaico, belo nos pormenores, uma glorificação da continuidade e da História.
Carlos III é o herdeiro da coroa britânica, que por mais tempo esperou para ascender ao reinado.
Vida pessoal– Depois de tanto esperar, o rei vai entrar na Abadia de Westminster para ser coroado carregando legado de décadas de polêmicas, que envolvem uma turbulenta vida pessoal, escândalos políticos e financeiros e o próprio estilo — bem distante da imagem de neutralidade real moldada pela mãe, Elizabeth II
Diana - Em 29 de julho de 1981, o mundo parou diante da televisão para assistir a um conto de fadas da vida real.
O príncipe herdeiro do trono britânico casava-se com a bela plebeia Diana Frances Spencer,
Ilusão - O casamento transformou-se numa ilusão de casal modelo da realeza.
Um ano antes do anúncio oficial do divórcio, o jornalista Andrew Morton publicou a biografia “Diana: sua verdadeira história”, que mostrou a luta de Diana contra a bulimia a e a depressão.
Entrevista - O grande impacto na imagem do futuro rei veio da entrevista de Diana (1995) na BBC, que expôs o motivo da separação real:
“Éramos três nesse casamento, então estava um pouco lotado”, disse ela, confirmando ao mundo a infidelidade de Charles, com a atual rainha consorte, Camilla Parker-Bowles.
Acidente - A morte inesperada de Diana, em 1997, foi um momento crítico para a monarquia britânica.
Adorada no Reino Unido e uma das pessoas mais conhecidas no mundo, o acidente de carro que matou a “princesa do povo” também ameaçou abalar as estruturas da realeza.
Malas de dinheiro – Charles envolveu-se em escândalos denunciados pela imprensa em doações destinadas ao Fundo de Caridade, a época criado por ele.
Três milhões de euros lhe teriam sido entregues em encontros com o príncipe Hamad bin Jassim Al Thani, primeiro-ministro do Catar, que é proprietário do time de futebol mais valioso do mundo, o Paris Saint-Germain.
Outra doação causou polêmica.
Foram recursos da família do líder da al-Queda, Osama bin Laden, dois anos depois da morte do terrorista responsável pelos atentados do 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos.
Lobista - A imprensa britânica acusou Charles de tráfico de influência, com acesso a documentos confidenciais que, em alguns casos, não foram vistos nem por integrantes do governo.
Um parlamentar chegou a chamar o futuro rei de “o lobista mais bem informado” do Reino Unido.
A cerimônia – Mesmo com uma vida agitada, a coroação de Carlos III será na Abadia de Westminster, igreja anglicana, o templo mais antigo e famoso de Londres.
É o local das coroações dos monarcas britânicos, desde 1066.
O ritual é do anglicanismo, a religião oficial em terras de sua majestade, instituída por Henrique VIII no século XVI, adotada pela maioria dos britânicos.
Chefe - O rei Charles III passa a ser o chefe da Igreja Anglicana.
Herdou o título de “defensor da fé e governador supremo da Igreja da Inglaterra.
Legisladores – A particularidade da religião é que os Bispos anglicanos desempenham função legislativa: 26 deles têm assento na Câmara dos Comuns, que possui um papel similar à Câmara dos Deputados, no Brasil.
Trata-se da principal casa legislativa inglesa
Catolicismo - O catolicismo, considerado a "primeira minoria religiosa" do Reino Unido, é professado por aproximadamente 10% da população.
Ainda assim, esta é uma percentagem bastante superior à de outras religiões como o islão (2,7%), o hinduísmo (1%) ou o judaísmo (0,5%).
A principal diferença entre o anglicanismo e o catolicismo é que os anglicanos dos sete sacramentos da Igreja Católica Romana, reconhecem apenas dois: o batismo e a eucaristia.
Popularidade - Apenas metade dos britânicos tem uma opinião favorável sobre Carlos III, que é menos popular do que a irmã, a princesa Anne, que o filho mais velho, príncipe William, e a nora Kate, de acordo com uma pesquisa atual.
(Publicado no jornal AGORA RN. Continua amanhã)