Postado às 07h40 | 11 Set 2021
Recordo neste 11 de setembro de 2020, uma das mais duras experiências que já passei na vida. No ano de 2001 estava em Washington DC, frequentando o Mestrado em Direito Econômico, na American University.
Como sempre, chegava às 7 da manhã na sala de aula. Era uma terça feira – dia em que tinha maior números de aulas e horas de estudo na Biblioteca da Universidade
Naquele dia, o professor de Economia Latino-americana pediu aos alunos, que acessassem o canal da CNN, no computador instalado em cada banco escolar, para análise de um fato relevante, em destaque.
Surpresa e pânico: todos constataram na tela da TV, a informação de que um avião da American Airlines acabara de atingir as torres gêmeas em NY.
Seguiram-se imagens “ao vivo” do choque das aeronaves, gigantescas explosões, pessoas se jogando dos andares, fumaça, destroços e labaredas de fogo, envolvendo o topo dos edifícios, cujas estruturas ruíam em questão de minutos.
Lia-se na legenda da notícia: “terrorismo declara guerra aos Estados Unidos".
A primeira impressão era que se repetia o ataque de surpresa na base naval de “Pearl Harbor”, ocorrido na manhã do domingo 7 de dezembro de 1941.
Minutos depois, a CNN noticiava o pior momento para mim: outro avião sequestrado se dirigia à Washington DC e supostamente iria explodir a Casa Branca, o Pentágono e poluir com armas químicas o rio Potomac, fonte da água consumida na capital americana.
A “American University” estava a cerca de dois quilômetros do Pentágono, o centro militar da inteligência norte-americana. Anunciou-se que o Presidente e o Vice já estavam em túneis de segurança máxima.
Professores e alunos saíram das salas de aula. Afirmava-se que começara a III Guerra Mundial.
De repente, ouvi grande explosão e densa fumaça negra cobrindo o céu. Um caminhão em disparada, cheio de explosivos, ultrapassou as barreiras de segurança do Pentágono e explodiu em seguida.
De onde estava deu para sentir o calor das chamas. Ao vir para a Universidade, sempre passava em frente ao Pentágono e admirava aquela fortaleza de pedra, onde se localizava o maior poder bélico do mundo, com armamentos moderníssimos, naquele instante envolto em chamas.
Ainda continuava a ameaça do avião sequestrado, que voava em direção a Washington DC.
A partir daí intensificaram-se gritos de pessoas chorando, outras rezando.
Com a Universidade evacuada fui ao pátio e peguei o carro, com a intenção de voltar ao meu apartamento. O trajeto era de 15 minutos, no máximo.
Naquele dia foram mais de cinco horas, de congestionamento e forte esquema policial. Nas ruas, o povo a pé, outros em automóveis, apelos dramáticos, orações de joelhos. Parecia aqueles filmes de ficção americanos..Não podia ter comunicação com meus pais. Os celulares desativados.
Confesso que senti medo.
Não sabia o que fazer
Na Universidade, presenciei cenas de constrangimento. Colegas árabes e muçulmanos, que comigo faziam o mestrado, foram jogados contra a parede, revisados e isolados.
Já se sabia, que o ataque fora comandado por árabes. As ruas ficaram desertas por mais de uma semana.
As rodovias, o metrô, o metrô o porto de Baltimore, que abastece Washington DC, tudo interditado.
Soube-se depois, que os passageiros do avião sequestrado, impediram que os terroristas jogassem a aeronave contra a Casa Branca.
O avião caiu próximo a Washington DC e todos morreram, após terem relatado a amigos e familiares pelos celulares a luta que travavam, em busca da sobrevivência.
Só sabe o risco da guerra e do terror, quem passou pelo que passei. Graças a Deus sobrevivi. Mas, se o avião tivesse sido jogado contra o Pentágono, ou a Casa Branca haveria muita probabilidade de atingir a nossa Universidade e vasta área residencial de Washington.
A paz é o bem maior da humanidade.
Por isto, luto por ela em todas as situações.
Somente o amor e a solidariedade constroem!