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História: "Risos, lágrimas, champagne e o delírio da multidão"

Postado às 06h14 | 10 Nov 2023

Ney Lopes

Há 34 anos uma multidão chora, rir e estoura garrafas em plena via pública, de onde fluem líquido dourado e cheio de bolhas. Era o champanhe, símbolo de celebrações.

Caia o muro de Berlim, o prenúncio da queda da República Democrática Alemã, a Alemanha Oriental, e da reunificação da Alemanha, separada em duas nações, desde o final da Segunda Guerra.

A queda do muro deu-se a partir das 22 horas do dia 9 de novembro de 1989, entrando pela madrugada do dia seguinte, 10.

Jovens, velhos, crianças, martelos, picaretas, paus, tudo serviu para arrancar o concreto dos pilares, que separavam dois povos.

Tudo pacificamente, sem interferência policial e sem vítimas.

Fui colega na Câmara Federal, do então deputado José Jorge de PE, depois Ministro de Minas e Energia e Ministro do TCU.

Ele e sua esposa Socorro estavam em Berlim, na noite em que se iniciou a rebeldia popular, que derrubou o muro.

Disseram-me que foi um dos espetáculos mais emocionantes, que presenciaram.

Por quase três décadas, o Muro de Berlim separou famílias inteiras e ideologias.

Dividiu a cidade de Berlim em duas, a fim de evitar a emigração da população berlinense oriental para o lado Ocidental.

Duas frases fortes em discursos de presidentes americanos condenaram a divisão das cidades.

A primeira, “Ich bin ein Berliner” (“Eu sou um berlinense”), dita por John Kennedy em 26 de junho de 1963 em Berlim Ocidental.

Vinte e quatro anos depois, na mesma cidade, foi a vez de Ronald Reagan conclamar ao secretário geral do Partido Comunista da União Soviética Mikhail Gorbachev: “Mr. Gorbachev, tear down this wall” (“Senhor Gorbachev, ponha esse muro abaixo”).

Um capítulo da história mundial, que dificilmente será esquecido.

Os Estados Unidos é o país que tem mais fragmentos do Muro de Berlim, sendo que só em Nova Iorque existem três lugares onde é possível vê-los.

Na Europa são várias as cidades, que também mantém expostas partes do "muro da vergonha".

A queda do Muro de Berlim foi consequência da crise enfrentada pelo bloco socialista, na década de 1980.

Esse quadro de crise econômica e falta de liberdade política gerava uma população insatisfeita, que desejava sair do país, mas não podia, porque as fronteiras estavam fechadas.

A insatisfação era igualmente consequencia da repressão e censura do governo.

O governo perdeu o controle e em 9 de novembro, o porta-voz soviético, Egon Krenz, anunciou que as fronteiras com a Alemanha Ocidental estavam abertas de maneira imediata.

Essa decisão foi para aliviar a pressão popular contra o governo Oriental.

O tiro saiu pela culatra.

Até soldados da Alemanha Oriental juntaram-se a multidão e derrubaram o muro.

Em festa, atravessaram a fronteira recém-aberta.

Não demorou muito para a própria União Soviética também desmoronar, em 8 de novembro de 1991.

Sem condições de acompanhar os avanços tecnológicos ocidentais e manter um nível de qualidade para a população, a URSS foi declinando e caiu.

Era a falência do modelo socioeconômico e político comunista.

O Muro de Berlim foi um dos grandes símbolos do conflito político-ideológico travado entre Estados Unidos e a ex-União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991.

Esse período – denominado “guerra fria” - polarizou o mundo em dois grandes blocos, um alinhado ao capitalismo e outro alinhado ao comunismo.

A Alemanha foi o palco central desse confronto.

A queda do muro passou a ser o principal acontecimento do final dessa “guerra Fria”.

O mundo suspirou em alívio!

(Artigo publicado no Estado de São Paulo e AGORA RN)

 

 

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