Postado às 17h22 | 08 Out 2024
A primeira prefeita do país foi Alzira Soriano, eleita em 1928 para comandar o município de Lajes, no RN, com 60% dos votos
Ney Lopes
Depois da eleição, nada melhor do que uma relaxada. Números, previsões, eleitos, perdedores, já sabemos. Que tal umas curiosidades, histórias e gozações sobre a política brasileira. Vamos lá!
“Homens bons”
Em 1532, aconteceu a primeira eleição registrada na história do Brasil. A votação serviu para definir os membros do Conselho Municipal da Vila de São Vicente. Apenas os “homens bons” tinham o direito de votar,
Eram considerados homens bons, os nobres de linhagem; senhores de engenho; membros da alta burocracia militar e burgueses enriquecidos pelo comércio.
Igreja católica
No período imperial, o processo de eleições no Brasil tinha direta relação com a igreja católica. As votações aconteciam no espaço das igrejas, e os sacerdotes eram responsáveis pela seleção dos votantes aptos para o exercício eleitoral.
Cerimônias religiosas aconteciam antes dos trabalhos eleitorais. O afastamento da igreja só começou, após a sanção de uma nova lei eleitoral, a Lei Saraiva, de 1881, que exigia alfabetização do eleitor para o exercício do voto.
Voto da mulher
Mulheres só tiveram o direito de votar e de serem votadas com o Código Eleitoral de 1932. Esse direito era restrito para viúvas e solteiras, que trabalhassem.
Mulheres casadas precisavam da autorização do marido para votar. O voto secreto foi assegurado, com "isolamento do eleitor em gabinete indevassável”, no momento da votação.
Primeira prefeita eleita
A primeira prefeita do país foi Alzira Soriano, eleita em 1928 para comandar o município de Lajes, no RN, com 60% dos votos. Durante sua administração, ela promoveu a construção de estradas, mercados públicos municipais e a melhoria da iluminação pública.
O jornal norte-americano The New York Times inclusive a citou, à época, como a primeira prefeita eleita em toda a América Latina. Com a Revolução de 1930, perdeu o mandato, por não concordar com o governo de Getúlio Vargas.
Rinoceronte candidato
Em 1959, o jornalista Itaboraí Martins promoveu em São Paulo, a candidatura de um “rinoceronte” a vereador, como forma de protesto da população, insatisfeita com os políticos da época.
Estima-se que o número de votos recebidos por Cacareco foi maior do que dos outros 450 candidatos às 45 cadeiras da câmara dos vereadores. O rinoceronte era popular até em outras cidades do interior, como em Marília, mais de 440 quilômetros da capital, onde ele recebeu votos.
Apelidos
Em Campina Grande (PB) houve um candidato que se registrou como Roberto Alexandre, o Rei dos Cornos, e outro como Gordinho da Bisteka (com K mesmo). Em Cuiabá (MT), candidatou-se um tal de Lúcio Mandioca, que, aliás, aparecia nos santinhos de campanha empunhando uma enorme raiz da planta da qual extraiu o nome. Nenhum dos três conseguiu se eleger,
Barão de Itararé
Em 1947, o jornalista e humorista Aparicio Torelly, do Partido Comunista, que usava o pseudônimo Barão de Itararé, foi eleito vereador do Rio de Janeiro. A sua campanha tinha como lema – numa época em que faltava leite e água na cidade – “Mais água e mais leite, mas menos água no leite”.
Em 1948, o Barão perdeu o mandato, atingido pela lei que cassava os políticos eleitos pelo PCB. Discursando pela última vez na tribuna da Câmara: afirmou: “Neste momento, saio da vida pública para entrar na privada”. Segundo consta, ele entrou mesmo na privada.
“Biônico”
Em 1974, o presidente Ernesto Geisel, o mais cruel dos militares que governaram o Brasil, criou a figura do “senador biônico” – nomeado pelo governo. Nesse ano, deveriam ser eleitos dois senadores por estado, mas as eleições foram só para um (com ampla vitória da oposição) e os outros 22 (eram 22 estados) foram escolhidos pelo governo.
“Bêbados” em comícios
Ulysses Guimarães dizia que o mais chato dos chatos era o bêbado de comício. Já Miguel Arrais, media a popularidade dos candidatos pela presença de bêbados e malucos em comícios. “Para ganhar”, dizia ele, “tem que ter bêbado e maluco no comício”.
Muitos mineiros repetem o ditado: ““Não tem campanha sem comício, nem comício sem bêbado”.