Postado às 05h46 | 02 Mar 2023
Ney Lopes
Ontem, 1° de março, o plenário do Senado federal abrigou uma sessão especial histórica, na data do centenário de morte de Rui Barbosa.
Momento edificante para a tradição da Casa.
Um orador da sessão solene merece destaque especial, o senador José Sarney, 93, que como Rui Babosa é recordista no exercício de uma cadeira no Senado federal (cinco mandatos).
Como decano representou a Academia Brasileira de Letras na solenidade e classificou o baiano como “um dos ídolos do nosso país”.
De fisionomia serena, memória lúcida, gestos e olhares convergentes, o senador José Sarney ao fazer uso da palavra emocionou a todos, quando com humildade agradeceu a oportunidade de voltar a ocupar a Tribuna do senado, o que não ocorria desde 2014, quando se despediu do Parlamento.
Afirmou que jamais pensou em voltar à tribuna do Senado, destacando que a Casa era a grande paixão do homenageado.
De improviso, recorrendo algumas poucas vezes ao texto escrito, a palavra de Sarney teve a firmeza do parlamentar, que durante 39 anos e seis meses como senador participou de momentos relevantes na história nacional.
Com a vibração de um jovem parlamentar, Sarney referiu-se a Rui Barbosa, afirmando que o seu busto colocado em destaque no plenário da Casa vela pela democracia, pelos ideais democráticos, velou pelos direitos humanos, pelas liberdades civis, pelas liberdades individuais, que ele tanto defendeu no país inteiro.
Ainda na sua fala, o ex-presidente recordou o brilhantismo de Rui Barbosa na Segunda Conferência de Paz de Haia, em 1907, quando se reuniram, pela primeira vez, todos os Estados soberanos à época.
Escolhido pelo barão de Rio Branco para comandar a delegação brasileira, Rui posicionou-se contra a proposta dos Estados Unidos, que, apoiados pela Alemanha, queriam criar uma Corte de Justiça Arbitral Internacional, que não reconhecia a igualdade entre todos os Estados soberanos.
A palavra de Rui Barbosa foi firme ao declarar: “Fortes ou francos, ricos ou pobres, grandes ou pequenos, o que estava em jogo era a igualdade e a soberania’.
Por essa posição corajosa passou a ser conhecido como a "Águia de Haia".
O destaque da presença do ex-presidente José Sarney nas homenagens a Rui Barbosa, relembra o seu discurso de despedida do Senado, (2014) quando afirmou: “É por causa dessas conquistas que posso dizer que eu não passei pela política em vão. Cometi muitos erros, claro, da mesma forma que todos os políticos cometem erros. Mas nunca cometi erros por vontade minha. Repito o que Lincoln certa vez disse: "eu nunca cravei por meu desejo espinho algum no peito de ninguém".
A sessão solene do Senado Federal do dia 1° de março de 2023 será inserida com honras na memória da instituição.