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Há quem diga que Covid pode melhorar imagem de Trump

Postado às 06h49 | 03 Out 2020

Guga Chacra

Todos querem saber como o anúncio do resultado positivo de Covid-19 em um teste de Donald Trump pode impactar o processo eleitoral. Antes de seguir adiante, porém, queria dizer que torço pela melhora do presidente americano e sua mulher Melania. Ambos estão em quarentena, serão tratados e não sabemos por enquanto qual será severidade da doença

Mais do que candidato, Trump é o presidente dos Estados Unidos. Seu estado de saúde tem um efeito imediato dos mercados financeiros e em toda a administração. O republicano terá condições de governar o país nas próximas semanas? Como fica a administração? Há uma preocupação grande porque o atual ocupante da Casa Branca está no grupo de risco por ter 74 anos e ser obeso. Um caso severo pode levar a questionamentos sobre a sua capacidade de governar e de seguir na disputa eleitoral.

Como candidato, Trump não poderá fazer campanha. Os comícios são seu ponto forte. Ainda que seu caso seja leve, deve demorar ao menos duas semanas para o republicano voltar a viajar pelo país e discursar para os seus eleitores. Falta apenas um mês até as eleições. Este tempo que perderá é precioso, ainda mais levando em conta que está atrás nas pesquisas no voto nacional (cerca de 8% na média das pesquisas) e também em todos os swuing states, como são chamados os Estados sem predomínio democrata ou republicano, vistos como fundamentais para as eleições.

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Para agravar, Trump, ao longo dos últimos meses, fez pouco caso do uso de máscaras. Seus comícios tinham aglomeração, sem distanciamento e com poucas pessoas cobrindo o rosto. Agora que foi infectado, o presidente perde esta narrativa e parte dos eleitores também pode ficar temerosa de ser contaminada.

Tampouco sabemos se Trump poderá participar do próximo debate, em pouco mais de duas semanas. Apesar de seu desempenho ruim no enfretamento desta semana, seria uma oportunidade para reverter o cenário. Se os sintomas forem leves, talvez haja condições para o republicano se recuperar a tempo e voltar forte para a reta final.

EntendaO que acontece em caso de incapacitação de Trump

Alguns especulam sobre a possibilidade de aumentar a simpatia por Trump, como ocorreu com Boris Johnson, quando este também foi infectado pela Covid-19 e teve um caso severo, chegando a ir para a UTI. Sem dúvida, não podemos descartar que o mesmo ocorra com o presidente americano. Mas há diferenças. O premier britânico sempre foi uma figura com grande empatia. Embora tenha inicialmente sido um pouco reticente em adotar medidas duras contra a pandemia, alterou sua postura após ter ficado doente. Não sabemos se o presidente americano faria o mesmo.

Importante também observar qual será a reação de Biden. Não em relação a Trump. Já disse que deseja melhoras. Mas o vice-presidente adotará qual discurso agora? Seguirá atacando Trump enquanto este está doente? Irá sair por comícios pelo país, também correndo o risco de ser infectado? Aliás, Biden esteve recentemente com Trump, no debate. Ambos não estavam tão distantes. Entrará em quarentena? Quais os riscos de ter sido infectado?

Por último, não estamos mais falando da declaração do imposto de renda de Trump, o que seria positivo para o presidente. Tampouco estamos falando da nomeação de uma conservadora para a Suprema Corte. Isso pode ser negativo para Trump. Falaremos bastante de Covid-19 e de como Trump ignorou os riscos desta doença. Mesmo a Fox News mostrava nesta manhã vídeos do presidente no debate demonstrando preocupação com a doença. Há ainda 210 mil mortos pela doença e uma economia ainda em gravíssima crise. Claramente, um sinal ruim para o republicano.

Reuniões, comícios e debateComo foi a semana em que Trump contraiu a Covid-19

Nas bolsas de apostas, no entanto, desde o anúncio de que Trump está doente, sua probabilidade de vitória oscilou 1,5 ponto percentual para cima e está em 36,8%. Já a de Biden segue bem maior, em 60,8%. A probabilidade de vitória do democrata, segundo o site de estatísticas FiveThirtyEight, é de 4 em 5. A do republicano, 1 em 5.  

 

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