Postado às 06h36 | 03 Abr 2020
Estado
Na manhã da última segunda-feira, um comboio de carros blindados estacionava em frente a uma casa no Setor Militar Urbano, em Brasília. O presidente Jair Bolsonaro chegava para uma visita inesperada ao general da reserva Eduardo Villas Bôas. O encontro durou poucos minutos, mas foi o suficiente para Bolsonaro receber o apoio público de uma figura que tem forte influência nas Forças Armadas.
Em entrevista nesta quinta-feira, 2, ao Estado, Villas Bôas avaliou que Bolsonaro acha que “todo mundo” está contra ele. O ex-comandante do Exército afirmou que o panelaço e a economia preocupam, mas disse acreditar que, ao final, o presidente sairá por cima, e o Brasil vai se recuperar.
Ele disse isso, naquele momento, para tentar tranquilizar o País. Mas não é uma gripezinha.
Eu já estava pensando em me manifestar. Ele pediu o meu apoio e eu achei oportuno me posicionar e dizer às pessoas qual é a lógica da sua atuação. Pode-se discordar do presidente, mas sua postura revela coragem e perseverança nas suas próprias convicções. Mas ele não pediu isso explicitamente.
Eu acho que o problema para ele é que está todo mundo contra ele. A mídia, principalmente. Nacional e internacional.
Não.
Não foi por minha causa. Mudou por ele. Por ele, eu acho.
Esta é a linha ideal.
Particularmente me preocupo com os panelaços. Pode significar perda de apoio. Isso psicologicamente é negativo.
Está muito cedo para falar de reeleição. Mas panelaços podem demonstrar uma perda de apoio, embora estejam concentrados nos grandes centros.
Não sei. Isso muda muito conforme as circunstâncias.
Acho que essa percepção é temporária. Eu acho que ao final, ele vai sair por cima.
Não comento.
Não tem motivo para ter qualquer desconfiança do Mourão. Mourão tem sido um ponto de equilíbrio. Ele é leal ao presidente.
O presidente tem uma maneira de ser que pode colocar as pessoas na defensiva. Mas, em nenhum momento, ele feriu a Constituição. Ele é um democrata. Um aspecto importante é que as pessoas não estavam acostumadas a ver, com tanta contundência, alguém se contrapor ao pensamento que predominava.
Ninguém tutela o presidente.
Cada um tem de fazer a sua parte e não tem de ficar polemizando. A virtude sempre está no meio. Mas tem havido muito oportunismo político. Não quero nominar. Estou falando em geral.
Conciliação. Precisamos buscar harmonia.
Eu creio que, talvez não em aspectos concretos como a economia em geral, mas psicologicamente, vamos sair fortalecidos. Certamente teremos problemas na economia, mas sairemos fortalecidos psicologicamente. Assim como nas guerras, vamos sair com disciplina social, espírito de solidariedade, sentimento pelo País e respeito às instituições.