Postado às 05h52 | 09 Abr 2021
Globo
Não foi só a base governista que ficou desconfortável com a decisão do ministro Luís Roberto Barroso de mandar instalar a CPI da Covid-19. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também não gostaram de ter tido que tomar a decisão no lugar do presidente do Senado. E fizeram chegar essa informação a Rodrigo Pacheco.
Desde a véspera, os magistrados conversavam entre si e com políticos a respeito da situação. Luiz Fux, presidente do tribunal, deixou claro a senadores que a liminar de Barroso seria inevitável e que preferia que o presidente do Senado instalasse a CPI antes que a decisão fosse tomada. O recado chegou a Pacheco.
Além dos emissários de Fux, o próprio Barroso sinalizou a Pacheco que teria de acolher o mandado de segurança impetrado pelos senadores do Cidadania Alessandro Vieira e Jorge Kajuru pela imediata instalação da CPI. Na esperança de que ele se antecipasse, sugeriu também que havia tempo para o presidente do Senado agir.
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Mas Pacheco indicou ao ministro que preferia não se mexer de antemão.
O cálculo por trás dessa atitude era evidente.
Eleito com o apoio de Bolsonaro para a presidência do Senado, Pacheco resistiu o quanto pode a abrir a CPI. No início da semana, enviou ao STF um ofício se manifestando contra a instalação da comissão. No documento, disse que ela "poderá ter o efeito inverso ao desejado, como o de eventualmente gerar desconfiança da população em face das autoridades públicas em todos os níveis".
A ordem vinda do Supremo fornece agora a Pacheco o argumento, diante de Bolsonaro, de que apenas obedece ordens judiciais, enquanto toma distância dos erros do governo no combate à pandemia.
Em entrevista coletiva logo após a decisão, ele disse que considera a decisão equivocada, mas vai cumpri-la.
"A CPI poderá ser um papel de antecipação de discussão político-eleitoral de 2022, de palanque político, que é absolutamente inapropriado para este momento da nação."