Postado às 05h31 | 27 Jan 2021
El País
O coronavírus debilitou as economias da América Latina e do Caribe, mas as perspectivas estão melhorando, pelo menos as apontadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com suas projeções mais recentes, a região crescerá 4,1% neste ano, estimativa 0,5% superior à de outubro. “As campanhas de vacinação em alguns países em dezembro aumentaram as esperanças de um eventual fim da pandemia”, diz o relatório apresentado nesta terça-feira. “Além disso, os dados econômicos divulgados após o relatório de outubro sugerem um ímpeto mais forte do que o projetado, na média, em todas as regiões durante a segunda metade de 2020.”
Depois da Ásia (excluindo a China), a América Latina será a região mais afetada em termos de queda do Produto Interno Bruto em 2020, com perda de 7,4% por causa da pandemia. O fundo estima que o Brasil crescerá 3,6% em 2021, e o México, 4,3%. Em outubro, a entidade calculou que o Brasil cresceria Brasil 2,8% e o México, 3,5%. Portanto, as novas projeções são bem maiores. No próximo ano, o Brasil pode ter uma expansão 2,6%, e o México, de 2,5%.
“No entanto, o aumento das infecções no final de 2020 (incluindo as novas variantes do vírus), os novos confinamentos, os problemas logísticos na distribuição das vacinas e a incerteza sobre a aceitação da vacina, são contrapontos importantes às notícias favoráveis. Ainda há muito a ser feito nas frentes de política econômica e de saúde para limitar os danos persistentes da grave contração de 2020 e garantir uma recuperação sustentada”, disse a instituição.
Para o FMI, três questões-chave ainda precisam ser resolvidas para se saber ao certo como será a recuperação econômica neste ano. A primeira é: como as restrições de curto prazo afetarão a retomada antes que as vacinas comecem a fornecer proteção efetiva para toda a sociedade? A segunda é sobre como políticas públicas e campanhas de vacinação podem dar impulso à atividade econômica. Por fim, a terceira questão é como as condições financeiras e os preços das matérias-primas evoluirão? Esta última será de grande importância para os países da América do Sul cujas economias dependem, em grande medida, dessas exportações.
Os preços do petróleo devem aumentar em 2021 pouco mais de 20% em relação ao preço mais baixo visto em 2020, disse o Fundo, mas ainda permanecerão bem abaixo da média de 2019. Os preços das matérias-primas não petroleiras também devem subir, bem como o dos metais, que devem apresentar forte aceleração neste ano.
Apesar do número elevado e crescente de vítimas da pandemia, com o passar do tempo a atividade econômica parece estar se adaptando à moderada atividade de contato intensivo”, diz o relatório. “Espera-se que as políticas adicionais anunciadas no final de 2020, especialmente nos Estados Unidos e no Japão, deem mais suporte em 2021 e 2022 à economia global. Esses acontecimentos indicam um ponto de partida mais forte para as perspectivas mundiais em 2021-2022 do que o previsto no prognóstico anterior.”O fundo observou que a crise econômica do ano passado teve um impacto mais forte sobre as mulheres, os jovens, os pobres, os empregados informais e aqueles que trabalham em setores de contato intensivo. A contração do PIB mundial em 2020 será de 3,5%, disse a instituição, uma melhoria de 0,9% em relação à última estimativa divulgada em outubro, e isso se deve à recuperação mais rápida no segundo semestre em algumas regiões.
A força da recuperação variará significativamente entre países, afirmou o FMI, e dependerá do acesso a tratamento médico, da eficácia das políticas de apoio, da exposição aos efeitos do contágio entre países e das características estruturais da crise. O fundo fez um apelo à cooperação multilateral para o controle da pandemia de covid-19.
“Esses esforços incluem o reforço do financiamento da iniciativa Covax para acelerar o acesso às vacinas para todos os países, garantindo a distribuição universal de vacinas e facilitando o acesso a terapias acessíveis para todos”, diz o relatório, referindo-se a uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde que reúne Governos, organizações de saúde, fabricantes, cientistas, o setor privado e a sociedade civil para evitar que as vacinas e os tratamentos para a doença covid-19 cheguem somente aos países com os maiores recursos.
“Muitos países, especialmente as economias em desenvolvimento de baixa renda, entraram na crise com uma dívida elevada, que deverá aumentar ainda mais durante a pandemia. A comunidade mundial precisa continuar a trabalhar em estreita colaboração para garantir o acesso adequado à liquidez internacional para esses países. Quando a dívida soberana é insustentável, os países nessas condições deveriam trabalhar com os credores para reestruturar sua dívida no âmbito do Marco Comum acordado pelo G20“, observou o relatório.
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