Fator que impulsiona Bolsonaro, auxílio emergencial foi criado para sufocá-lo
Postado às 06h31 | 15 Ago 2020
Painel
Não passou despercebido na Câmara, muito menos na Economia, que um dos principais fatores que ajudaram a elevar a popularidade de Jair Bolsonaro tenha sido criado justamente com o intuito de sufocá-lo. Nesta sexta (14), políticos e membros do governo lembravam que o auxílio de R$ 600 foi obra de deputados, estimulada por Rodrigo Maia (DEM-RJ), em momento de fragilidade do presidente quando se abria possibilidade de processo de impeachment. O ganho caiu no colo de Bolsonaro.
“É comum, todo o esforço e o trabalho que o Parlamento faz geram louros para o Executivo. Isso também vale para estados e municípios. E não tem problema nenhum nisso”, diz o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP).
Apesar dos ganhos produzidos pelo auxílio, nem parlamentares nem auxiliares de Paulo Guedes (Economia) creem que o benefício será mantido em R$ 600. A ideia é que a ajuda seja reduzida para algo entre R$ 250 e R$ 300 até se ligar ao novo programa social do governo, o Renda Brasil.
No Ministério da Economia, a expectativa é a de que o ganho de popularidade eleve a pressão por mais gastos. A discussão que será colocada, porém, é que a despes que turbinou Bolsonaro é o dinheiro repassado diretamente para as pessoas, não o aplicado em obras.
Apesar das críticas de governistas e do próprio presidente a Guedes, parlamentares dizem que o ministro tem a seu favor, para permanecer no governo, mais do que o apoio do setor privado. Ele já demonstrou ter convergência com o discurso ideológico de Bolsonaro.
Para setores da oposição, o Datafolha indica que Bolsonaro cresceu por falta de uma alternativa. A esquerda se dividiu ainda mais durante a pandemia, como ilustra a corrida eleitoral em São Paulo, e não foi capaz de fazer frente ao governo.