Postado às 04h28 | 18 Ago 2020
Em meio à debandada de auxiliares e com rumores de que poderia deixar o cargo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira, 17, que nenhum ato abalou a confiança entre ele e o presidente Jair Bolsonaro.
Depois de se reunir com Bolsonaro, mais cedo, Guedes foi questionado se estaria firme no governo. "Tivemos uma excelente conversa com presidente Bolsonaro. Existe muita confiança no presidente em mim e minha no presidente. Não tive nenhum ato que me sugerisse que não devesse confiar no presidente e não faltei em nenhum momento com a confiança que o presidente depositou em mim", declarou Guedes.
O ministro alegou que, "em momentos decisivos", Bolsonaro sempre o apoiou. Ele afirmou ter passado por "dois ou três" momentos desse e citou o veto de Bolsonaro à possibilidade de aumento de salário de servidores nos próximos anos.
Guedes ressaltou que a popularidade do presidente subiu e acrescentou que Bolsonaro "sente que está firme" para continuar sua agenda. "O presidente é muito transparente e sincero, minha obrigação é ter mesma transparência e sinceridade", completou.
O ministro da Economia disse ter sido surpreendido com a afirmação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao Estadão de que seria inconstitucional uma medida provisória abrindo crédito extraordinário de R$ 5 bilhões para infraestrutura.
De acordo com Guedes, o assunto foi discutido em reunião na semana passada, na qual Maia estava presente. “Foi surpresa. O presidente da Câmara estava nas conversas sobre remanejamento de recursos”, afirmou.
Guedes disse que as conversas foram justamente porque o governo está estudando remanejar verbas e não quer fazer “nada de errado”.
Em meio a rumores de que poderia deixar o cargo, Guedes foi questionado se estaria à vontade no governo e respondeu, em tom de brincadeira: “É difícil alguém se sentir à vontade neste cargo”.
Nesta segunda-feira, o ministro disse ainda que é natural que os ministros queiram “avançar nos recursos” e que cabe a ele dizer que não se pode furar o teto de gastos. “Dei o alerta de que, se alguém estivesse querendo furar teto, era ruim para presidente. Tenho papel de proteger finanças públicas, outro ministro tem papel de investir em certas regiões”, alfinetou.
Guedes admitiu que o teto vem restringido obras de investimentos públicos, mas disse que a forma para abrir espaço para investimentos é aprovando o pacto federativo e reduzindo outras despesas. “Qualquer governo quer fazer obra, mas existe uma Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A decisão de onde sai os recursos tem que respeitar a LRF e minha função é dar o alerta”, completou.
Apesar das declarações contraditórias de Bolsonaro sobre o teto de gastos, Guedes ressaltou que na semana passada, tanto o presidente da república quanto da Câmara e do Senado disseram que todos vivem sobre o mesmo teto.
“É inteiramente natural que um presidente eleito queira fazer uma ponte, queira levar água para o Nordeste. Tem que ter recurso no orçamento”, afirmou. “É absolutamente natural que o governo queira fazer obras públicas, os recursos têm que sair de algum lugar, essa discussão é política”.
Guedes ressaltou ainda que projetos importantes para a economia estão sendo retomados e citou o marco regulatório do gás. Ele disse que o crédito está “finalmente” chegando à população e defendeu o lançamento do programa Renda Brasil para “consolidar base social” .