Postado às 05h37 | 19 Mar 2020
O registro oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontava, nesta quarta-feira, um total acumulado de 207.860 pacientes infectados. O número engloba dados de 166 países, áreas e territórios. Quase 210 mil pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus no mundo, e, nesta quarta-feira, a Europa superou a Ásia em número de mortos pela pandemia.
A Itália, que superou a China como foco da preocupação mundial, anunciou 475 mortos no intervalo de 24 horas. Nunca, desde que a epidemia começou a se expandir na China, no fim de dezembro, um país havia registrado um número de mortos tão alto em um único dia.
O novo coronavírus é um "inimigo da humanidade", mas, ao mesmo tempo, "uma ocasião para nos unirmos", disse o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. Todos os países devem "detectar, isolar e seguir a pista" da doença, que é muito mais contagiosa do que uma gripe. Nenhuma região está a salvo, e continentes como a África devem "acordar", afirmou.
Medidas drásticas
A Europa já registra 4.112 mortos, frente aos 3.384 da Ásia. Em todo o mundo, a pandemia já matou cerca de 9 mil pessoas e infectou mais de 209.500. A onda de medidas drásticas só aumenta. Israel proibiu a entrada de estrangeiros e confinou os Territórios Palestinos. O Peru decretou toque de recolher noturno.
"Se as pessoas ajudarem, poderemos controlar a situação. Se não, cabe esperar que ela se prolongue por mais de dois meses", advertiu o vice-ministro da Saúde do Irã, Alireza Raisi, cujo país superou a barreira de mil mortos e mais de 17 mil infectados.
O presidente americano, Donald Trump, declarou-se "presidente em tempos de guerra" e anunciou o fechamento da fronteira com o Canadá por 30 dias e novas medidas econômicas, em plena crise de pânico nos mercados.
A Unesco apontou que metade dos estudantes do mundo, ou seja, mais de 850 milhões de crianças e jovens, estão sem aula. A pandemia levou ao fechamento de escolas e universidades em 102 países.
Autoridades da França, Espanha e Itália só permitem aos cidadãos sair de casa para comprar comida ou medicamentos, ir ao médico ou trabalhar. Qualquer tentativa de burlar o confinamento pode ser punida com multa. O controle policial aumentou nas ruas de Paris, no segundo dia de confinamento.
Na Espanha, 4º país mais afetado, com mais de 13,7 mil casos confirmados e 598 mortes, o chefe de Governo, Pedro Sánchez, advertiu que "o mais duro está por vir". Já o Governo britânico pediu "poderes extraordinários" ao parlamento e fechou escolas.
Na América Latina, aonde o vírus demorou a chegar, mas avança, com mais de 1,3 mil infectados e 10 mortes, o Chile, que registra cerca de 200 casos, decretou "estado de catástrofe". Colômbia e Bolívia anunciaram emergência sanitária. Na Argentina, os voos domésticos, ônibus e trens de longa distância ficarão parados por cinco dias, para evitar a circulação de turistas. Cuba anunciou o primeiro caso.
China volta à vida
Enquanto a Europa vive o momento mais difícil da pandemia, na China o pior parece ter ficado para trás e a vida retoma a normalidade aos poucos. Autoridades sanitárias do país deram conta nesta quarta-feira de um novo contágio local e 12 casos importados. Há um mês, a China registrava milhares de infectados por dia.
"Durante a epidemia, todo mundo tinha muito medo. Agora, cabe relaxar", comenta Wang Huixian, 57, que participou de uma aula de dança ao ar livre em Pequim onde a distância entre os alunos era de três metros.
Em Xangai, coração econômico da China, cafés e algumas atrações turísticas da cidade já reabriram.