Postado às 05h06 | 12 Abr 2020
Presidente Bolsonaro numa comunidade rural de Goiás retira a máscara de proteção e faz populismo. abraçando as pessoas humildes presentes.
O presidente Jair Bolsonaro visitou neste sábado (11.abr.2020) as obras do 1º hospital de campanha construído pelo governo. Depois da visita técnica, o presidente foi ao encontro de dezenas de apoiadores que se aglomeraram nas proximidades do local. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, participou da visita. Perguntado sobre a atitude de Bolsonaro, ele disse que “não pode viver a vida das pessoas” e nem julgar, só recomendar.
A estrutura visitada terá 200 novos leitos e fica em Águas Lindas de Goiás (GO), a cerca de 45 km de Brasília (veja fotos neste post). Também visitaram o espaço o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO), e os ministros da Infraestrutura e da Secretaria de Governo, Tarcísio de Freitas e Luiz Eduardo Ramos, respectivamente.
“Eu posso recomendar, não posso viver a vida das pessoas. As pessoas que fazem uma atitude dessas hoje daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando”, disse o ministro. Questionado se essa recomendação também servia para o chefe de Estado, ele disse: “Vale para todos os brasileiros.”
Depois de terminada a visita ao espaço que receberá o novo hospital, o presidente se dirigiu para a área externa onde as ruas estavam bloqueadas. Em cada bloqueio, dezenas de apoiadores se juntaram esperando 1 contato, que aconteceu. Mandetta não seguiu a comitiva presidencial no encontro com as pessoas.
“Eu procuro seguir uma lógica de não aglomeração. Tá bom? E vocês estão muito perto também, tchau”, completou se referindo aos jornalistas que o questionavam.
O Ministério da Infraestrutura divulgou nesta 6ª feira (10.abr.2020) vídeo com imagens aéreas da construção do 1º hospital de campanha do governo federal, em Águas Lindas (GO).
Segundo dados divulgados pelo governo, o valor total é de R$ 10 milhões, com estimativa de conclusão das obras em até 15 dias.
Mandetta justificou a construção do hospital pela carência da região em infraestrutura de atendimento. “Isso aqui é pela ausência de instrumentos de atendimento…Vocês têm uma região com ausência de estruturas proporcionais ao tamanho da população. O que nos resta é fazer uma unidade de campanha, improvisada, para não deixar ter desassistência.”
Segundo ele, a experiência de Goiás servirá para entender o custo e o tempo que dura a construção da estrutura. Ele afirmou que o próximo a ser construído será em Manaus, cidade que está com alto índice de contágio e o sistema de saúde perto do colapso.
As obras tiveram início na última 3ª feira (7.abr.2020). A escolha do local, no entorno do Distrito Federal, foi feita em resposta a 1 pedido do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ele afirmou que há necessidade de auxílio especial ao sistema de saúde da região. A instalação também atenderá pacientes com covid-19 da região do entorno de Brasília e a capital.
“Sob demanda do Ministério da Saúde, a articulação para a elaboração dos documentos técnicos para a construção do hospital foi feita pelo Ministério da Infraestrutura, com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa] e da Controladoria Geral da União [CGU]. O terreno de 10 mil metros quadrados foi terraplanado pela prefeitura de Águas Lindas e conta com instalações de gás, água, energia e esgoto.”
A obra é em parceria com o Estado de Goiás e a Prefeitura de Águas Lindas de Goiás (GO). O hospital de campanha na cidade deve atender pacientes com covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, da região e do entorno da capital.
Também presente na visita, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO), é amigo pessoal do ministro Mandetta e tem se posicionado favoravelmente às medidas da pasta para o controle do contágio da doença. Ações essas que causaram atrito entre Mandetta e Bolsonaro nos últimos dias. O ministro chegou a balançar no cargo, mas depois de se reunir com o presidente, foi mantido na cadeira.
O governador de Goiás rompeu publicamente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 25 de março. O político reagiu ao pronunciamento do chefe do Palácio do Planalto na noite de 23 de março, onde o presidente referiu-se à covid-19 como uma “gripezinha” e afirmou que apenas idosos e pessoas com doenças preexistentes deveriam permanecer em isolamento.
Depois de ser criticado pelo governador, Bolsonaro amenizou a situação entre os 2 nesta e disse que “é apaixonado” pelo demista e que eles “vão continuar namorando”.
“Sou apaixonado pelo Caiado. Acho que tudo isso vai ser esquecido e vamos continuar namorando, ‘heteramente’ [sic] falando”, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.
Neste sábado, apoiadores do presidente em Águas Lindas de Goiás gritaram “Caiado traidor” e “Globo lixo”.
O ministro Mandetta, que depois dos atritos com o presidente, pediu “paz para trabalhar”, disse que Caiado foi o único amigo que fez em 10 anos como deputado.
Mandetta é constantemente questionado sobre a conduta do presidente Jair Bolsonaro em incentivar e participar de aglomerações com apoiadores, como nesta 5ª feira (10.abr) quando ele foi visitar o filho Jair Renan ou quando foi a uma padaria em Brasília.
Declaradamente contra qualquer tipo de aglomeração, o ministro se voltou aos jornalistas para questionar o porquê de estarem aglomerados. “É muita aglutinação, vocês não tão bem não. Vocês não tão entendendo nada. Porque vocês não ficam mais longe um do outro?”, questionou.
Bolsonaro já havia criticado a imprensa por se aglomerar enquanto o seguia em parada em uma farmácia da capital federal. “Retornando do Hospital das Forças Armadas, parei para comprar medicamento na Drogaria Rosário. Contrariando normas da Saúde os repórteres se aglomerararam [sic]”, escreveu o presidente.
Mandetta seguiu o mesmo tom ao dizer: “Vai assim que vocês não erram. Vocês de imprensa se contaminam demais, vocês se aglutinam demais. Vocês ficam numa proximidade absurda. Calma.”
Ele, contudo, voltou a ressaltar a ciência como base para seu posicionamento. “Estou fazendo o que acredito. Acredito que distanciamento é bom. Estou extremamente desagradável de estar com essa quantidade de microfone aqui.”
O ministro não quis responder questionamentos mais diretamente sobre a postura presidencial em meio às multidões. Também evitou comentar sobre a conversa
vazada nesta semana em que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, fala para o deputado Osmar Terra (MDB-RS), cotado para assumir a Saúde em caso de demissão de Mandetta, que teria demitido o atual titular da pasta.
“Eu não falo de política, não aponto o dedo para ninguém. Posso no máximo recomendar”, declarou.