Postado às 05h34 | 01 Ago 2020
Guga Chacra
Donald Trump ainda sonha em ganhar a eleição americana. Faltam pouco mais de três meses e há, sim, como o presidente reverter o cenário atual. Mas claramente sua chance de vitória hoje está em um patamar bem inferior ao do período anterior àpandemia. Joe Biden é o favorito, conforme mostram as pesquisas. O líder americano sabe que a Covid-19 destruiu a sua forte narrativa dos bons números econômicos.
Diante deste cenário negativo, Trump poderia ter assumido com força o combate à Covid19, como lideranças em outras nações. Não sabemos qual seria o resultado. Mas pesquisas indicam um crescimento na popularidade de líderes de nações democráticas que tenham adotado uma posição de seriedade para enfrentar o novo coronavírus, independentemente do número de mortos ou do impacto econômico.
Assim como Jair Bolsonaro, o presidente dos EUA optou, no entanto, por adotar uma postura anticiência de ignorar a gravidade do vírus. Sua queda se deu por sua falta de liderança no combate à pandemia. Os americanos não o responsabilizam pela crise na economia. Sabem que esta retração seria inevitável. Mas avaliam que muitas das mortes poderiam ser evitadas. Observam que nações como a Alemanha e o Japão tiveram performances muito superiores à americana.
Como a tarefa de se reerguer não será simples, Trump criou uma estratégia paralela caso não consiga vencer Biden. Busca desde agora deslegitimar o processo eleitoral com seus ataques a votos pelo correio, embora ele vote desta forma, e também com a sua tentativa de adiar as eleições — o presidente não tem poderes para tomar esta decisão. Como estas duas ações na prática são inócuas, servirão apenas para o líder americano ter uma justificativa em caso de derrota. Só não sabemos se servirá de desculpa de mau perdedor, o que não seria tão grave, ou se para contestar o resultado, no que poderia ameaçar a democracia americana.