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Em Nova York brasileiros vão a locais anti-Trump

Postado às 07h05 | 15 Out 2020

Guga Chacra

Ao andar a pé ou de metrô por Manhattan, Brooklyn, Queens e Bronx, nunca encontro pessoas com bonés do “Make America Great Again” ou camisetas de Donald Trump. Quase nunca cruzei com um eleitor do presidente americano em Nova York. Se você conversar com as pessoas nas ruas, é quase certo que elas dirão não gostar do republicano. Na verdade, a maioria odeia. O único lugar com parafernália trumpista é a Trump Tower e normalmente voltada para turistas estrangeiros. Fica claro o contraste com regiões no interior de estados americanos, onde nos gramados diante das casas há placas de “Trump 2020” e quase nenhum sinal de eleitores de Joe Biden.

Embora Trump, para muitos brasileiros, simbolize “a América”, o presidente é extremamente impopular nas partes dos Estados Unidos mais visitadas pelos brasileiros. Afinal, quem gastaria milhares de dólares para visitar a Virgínia Ocidental quando poderia aproveitar por bem menos as lindas praias de Alagoas ou Pernambuco? Ao mesmo tempo, é comum brasileiros sonharem em um dia caminhar pelo Central Park, conhecer o Metropolitan Museum, fazer compras no SoHo, passear pelo Harlem, ir a um balé no Lincoln Center ou a um musical da Broadway. Por este motivo, antes da pandemia havia quatro voos diários ligando São Paulo a Nova York, onde o republicano foi massacrado por Hillary ao perder por 79% a 19%.

Mesmo dentro de Nova York, sabemos que turistas brasileiros costumam ficar em Manhattan, uma região onde Trump teve um décimo dos votos da democrata — ele também foi trucidado por margem similar no Brooklyn, Queens e Bronx, vencendo apenas na pequena Staten Island. A probabilidade de vitória de Trump no estado de Nova York hoje é de menos de 1. Certamente, o presidente será derrotado na sua terra natal e onde construiu a sua marca. Na média das pesquisas, o republicano teria metade dos votos de Joe Biden. Isto no estado. Na cidade, o desempenho do atual ocupante da Casa Branca seria ainda pior. Há poucos trumpistas por aqui.

Além de Nova York, brasileiros costumam viajar para a Flórida, onde Trump venceu quatro anos atrás e neste ano está equilibrado, com leve vantagem de Biden nas pesquisas, dentro da margem de erro. Mas os destinos preferidos dos brasileiros no estado são Miami, onde o republicano perdeu por cerca de 30 pontos percentuais de diferença, e Orlando, onde o atual presidente teve 25 pontos a menos do que Hillary Clinton.

O mesmo cenário se repete em outros destinos preferenciais de brasileiros, como São Francisco, San Diego, Chicago, Los Angeles e Boston. Em Washington, nem se fala. Trump teve apenas 4% dos votos na capital americana, o que equivale a 1/23 da votação da rival democrata. Não adianta. Todos os lugares que a maioria dos brasileiros quer conhecer nos EUA são habitados por populações majoritariamente contrárias a Trump.

Ainda assim, há muitos brasileiros entusiastas de Trump, como o presidente Jair Bolsonaro, que têm uma visão mítica dos EUA que não corresponde à realidade. Quando viajam para cá, imaginam um lugar cheio de trumpistas e conservador, mas acabam em cidades liberais (progressistas). Raramente vemos turistas brasileiros com a intenção de visitar estados conservadores como Virgínia Ocidental ou Oklahoma, mais em sintonia com a imagem bolsonarista.

 

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